Escalas temporais do escoamento noturno dentro e acima de um dossel na Amazônia
Date
2015-07-17Metadata
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O presente estudo utiliza dados das três componentes do vento e da temperatura,
coletados em um sítio experimental na Floresta Amazônica, durante 10 meses, através do
Projeto GOAmazon, no qual 10 níveis de sensores foram dispostos ao longo de uma torre
micrometeorológica. Com ênfase na camada limite noturna, uma análise das escalas temporais
do movimento, usando o método de decomposição em multiresolução, mostrou que as
contribuições devido aos movimentos horizontais, de escalas mais longas, podem ser tão
significativas quanto as puramente turbulentas. Em noites que a camada limite é fracamente
estável, movimentos descendentes (varreduras) e ascendentes (ejeções), associados à
turbulência bem desenvolvida, são os responsáveis pela intensidade turbulenta existente, com
suas escalas temporais mais significativas entre 10 e 100 s. Através da análise das correlações
entre pontos foi possível mostrar que estes eventos propagam-se desde a copa até o interior do
dossel, sendo detectados em diferentes instantes de tempo, mais intensamente nas
componentes horizontais, conforme alcançam os níveis mais profundos e que estas decaem
verticalmente, sendo bem correlacionadas até aproximadamente 0,8 h. Já para a componente
vertical as correlações são altas em todos os níveis do perfil e não apresentam atraso. Além
disso, a ocorrência de fluxos de calor sensível positivo próximo a superfície, em escalas
temporais maiores que 100 s, foi identificada no estudo das médias gerais. Em noites de
condições de estabilidade alta, modos não turbulentos, associados a escalas temporais mais
longas, chamados submeso têm grande impacto nas componentes horizontais do
movimento e tornam-se os principais causadores dos fluxos. Nestas situações, as escalas
temporais mais relevantes são maiores que 300 s e dominam praticamente todo o perfil
vertical. Para estes casos as correlações das variáveis turbulentas decaem rapidamente e
apresentam atraso quase nulo, entretanto as componentes horizontais apresentam correlações
entre 0,2 e 0,3 nos níveis mais baixos do dossel, enquanto a componente vertical não
ultrapassa 0,1. Isto reforça a hipótese de que, para este cenário, os eventos correlacionados
entre a copa e o interior do dossel são horizontais.