Voz, qualidade de vida e autoavaliação vocal de professores do ensino fundamental de Santa Maria/RS
Abstract
Objetivo:descrever e correlacionar medidas vocais perceptivoauditivas e acústicas,
autoavaliação vocal, queixas vocais, sexo e características profissionais de professores
de Santa Maria (RS/Brasil). Métodos: participaram do estudo professores do ensino
fundamental de Santa Maria (RS/Brasil), com idades entre 20 e 66 anos. Realizou-se
análise vocal perceptivoauditiva por meio da escala CAPE-V e acústica por meio do
Multi-Dimensional Voice Program Advanced da Kay Pentax®. Aplicaram-se os
protocolos de autoavaliação vocal e da qualidade de vida relacionada à voz Escala de
Sintomas Vocais, Índice de Desvantagem Vocal e Qualidade de Vida em Voz, um
questionário contendo dados de identificação, saúde geral, ocupacionais e queixas
vocais, e os testes estatísticos Correlação de Pearson e ANOVA. Resultados: 114
professores de ambos os sexos atuavam em média 6,96h por dia, há cerca de 12,7
anos e a maioria apresentava queixas vocais (72,8%). Observou-se associação entre as
escalas de autoavaliação vocal e a presença de queixas vocais. A ESV e o IDV
mostraram correlação positiva e houve correlação negativa de ambos os protocolos em
relação ao QVV. O grupo do sexo feminino (n=99) atuava em média 6,98h por dia, há,
em média, 12,91 anos; 74,7% apresentavam queixas vocais. Os parâmetros
perceptivoauditivos estiveram dentro da variabilidade normal; na análise acústica, todas
as medidas de perturbação de frequência (jitter), de perturbação de amplitude
(shimmer),de segmentos surdos ou não sonorizados e de segmentos sub-harmônicos
mostraram-se acima da normalidade, bem como o desvio-padrão da frequência
fundamental e o índice de fonação suave. Observou-se correlação entre aumento da
perturbação de frequência e aumento da idade; diminuição de perturbação da amplitude
conforme aumento do uso diário da voz; aumento da rugosidade, soprosidade e grau
geral da voz conforme aumento da idade e do tempo de atuação profissional das
docentes. Conclusão:O grupo de professores de ambos os sexos trabalha em média
6,96h por dia, atua como docente há cerca de 12,7 anos e apresenta queixas vocais
contrastando com uma boa qualidade de vida relacionada à voz. Professores com
queixas apresentaram maior ocorrência de sintomas vocais, maior índice de
desvantagem vocal e menor qualidade de vida em voz, havendo maior ocorrência de
sintomas vocais no sexo feminino. A ESV e o IDV mostraram correlação positiva e
houve correlação negativa de ambos os protocolos em relação ao QVV, mostrando que
são complementares. Quanto ao grupo de professoras, sua voz foi considerada normal
pela avaliação perceptivoauditiva, mas houve detecção de ruído e instabilidade na
análise acústica, com predomínio de queixas vocais, bem como alteração de medidas
acústicas e perceptivoauditivas com o aumento de idade e do tempo de profissão.