O sujeito da psicanálise e as (im) possibilidades da gestão democrática na educação escolar
Resumo
A pesquisa desenvolveu, em uma perspectiva psicanalítica, análises acerca das relações entre o sujeito da Psicanálise e a gestão democrática. Partiu-se da seguinte problematização: considerando o sujeito da Psicanálise, quais (im) possibilidades da gestão democrática da educação escolar constituir-se como política pública transformadora do discurso hegemônico do social? A investigação foi recortada a partir de um critério histórico, incluindo a análise de vinte e dois artigos sobre gestão democrática escolar, publicados na RBPAE Revista Brasileira de Política e Administração da Educação (1997-2009), ou seja, após a LDB 9394/96, quando, por força de Lei, a gestão democrática se tornou princípio da organização escolar. Neste contexto, surge a importância de contextualizar o sujeito da gestão democrática escolar, em uma tentativa de compreensão dos elementos subjetivos
que operam nas determinações deste processo político. Nesta perspectiva, acredita-se que a Psicanálise pode contribuir para este entendimento, à medida que descreve o sujeito
como ser de uma cultura, isto é, enfatiza os fatores sociais na sua constituição. A gestão democrática, nos textos legais, serve como instrumento político para o Estado. Ao instituir
uma nova forma de gestão que oportuniza a comunidade escolar a fazer parte do governo , colabora com a ação democrática anunciada na Constituição, democracia esta que zela pelo direito de voz e justiça em relação às condições de representatividade. O que se conclui, preliminarmente, das leituras e da análise dos discursos que circulam na educação é que uma vida melhor seria oportunizada desde que a educação escolar se efetivasse pelo viés da gestão democrática, isto é, com a condição de representatividade do sujeito nos planos e ações dentro da escola. Foi considerado que a escola parece ter se configurado em um dos
espaços anunciados na cultura como um lugar do Discurso Social, mas não do desejo, o que comprometeria o alcance dos objetivos de participação dos sujeitos.