Ver-se e narrar-se: os processos de subjetivação de três artistas surdos
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2014-04-14Metadatos
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Este trabalho filia-se a linha de pesquisa Educação e Arte e problematiza como os surdos, em especial os artistas surdos, têm se constituído por meio da arte, seja por sua relação ou contato com ela, seja por sua produção e expressão ou, ainda, pela circulação/exposição de suas obras de arte. Para tanto, a pesquisa contou com a participação de três artistas surdos de diferentes regiões brasileiras a fim de entender como eles foram e estão se constituindo sujeitos artistas e como cada um se subjetiva e expressa suas maneiras de ser sujeito na contemporaneidade. A arte, nesta pesquisa, desenrola-se como um dispositivo que coloca em funcionamento tecnologias que objetivam constituir modos e condutas dos sujeitos surdos. Operando nos sujeitos surdos e na sua constituição, a arte produz significados mediante suas imagens e saberes, ensinando-lhes modos de ser, de comportar-se e de estar na cultura à que pertencem. Esta pesquisa filia-se ao campo dos Estudos Culturais, problematizando as diversas possibilidades de o sujeito constituir-se em meio à(s) sua(s) cultura(s). A arte mostrou-se nesse processo de pesquisa, como produtora de conceitos, sujeitos, instituições, discursos, constituindo-se por meio de narrativas dos artistas surdos como um dispositivo que emerge neste tempo histórico a fim de responder à urgência das práticas sobre a constituição do sujeito surdo, aqui, o sujeito surdo artista. Os artistas surdos dessa pesquisa foram se constituindo diferentes em seus tempos, lugares, modos de agir e também na sua relação familiar. Também, na sua relação com a arte, esses sujeitos puderam estabelecer algum tipo de relação consigo mesmos e fazer algo consigo mesmo. Esse fazer algo consigo mesmo significou para alguns deles buscar cursos de arte, informações e uma identidade artística, produzir em si uma forma de ser artista, entre tantas outras possibilidades de transformação interior do eu. No decorrer de suas vidas, foram transformando a relação entre a arte e seu interior e transformando-se nessa relação. Desse modo, pode-se perceber que a constituição do sujeito não tem tempo nem lugar fixo, é um processo no qual ele se compreende como sujeito de uma relação consigo mesmo.