Influência do mercado e preço da terra nos sistemas de produção familiares pecuaristas no Uruguai
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Data
2014-03-11Primeiro membro da banca
Tommasino, Humberto
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No Uruguai, nos últimos anos, evidenciou-se um importante dinamismo no setor
agropecuário. Os preços internacionais das commodities pressionavam sobre o preço da terra
que aumentou mais de 600% e os preços dos arrendamentos mais de 400% no período
compreendido entre 2000 e 2011. Isto foi acompanhado pela venda de quase 7 milhões de ha
e do arrendamento de quase 8 milhões de ha, somando entre eles quase a totalidade da
superfície produtiva do país. Dos 57 mil estabelecimentos existentes em 2000, diminuíram
para o ano 2011, mais de 12 mil estabelecimentos, dos quais 11 mil eram unidades menores
aos 100 ha. O presente trabalho teve como objetivos principais compreender a estrutura e o
funcionamento do mercado de terras no Uruguai, para, posteriormente, explicar como tem
sido a influência desse mercado e dos preços fundiários sobre os sistemas de produção
familiares. Realizou-se uma análise de dados secundários sobre os preços da terra e a
dinâmica do mercado de terras, comparando com os dados dos censos agropecuários da
estrutura fundiária, concentração e estrangeirização da terra, em nível nacional e por
departamento. Posteriormente, a partir dos conceitos da Teoria da Renda Fundiária, valorou-se
a estrutura e o funcionamento do mercado de terras, comprovando a existência de
comportamentos especulativos. Por sua vez, a partir do método sistêmico, baseado na teoria
de Sistemas Agrários, o Análise-Diagnóstico de Sistemas Agrários, realizou-se o estudo da
influência do mercado de terras como um fator de diferenciação dos sistemas de produção
familiares da zona homogênea de Barriga Negra e Sierras Blancas, no departamento de
Lavalleja. Realizou-se a tipologia dos sistemas de produção e escolheram-se casos típicos e
representativos destes tipos, sobre as quais se realizou a avaliação econômica. Os principais
resultados mostraram que o aumento nos preços fundiários é produto do contexto de preços
internacionais elevados das commodities, mas também produto de um comportamento
especulativo dos proprietários fundiários e das grandes empresas florestais. O preço da terra
constitui um entrave para a ampliação da escala produtiva das pequenas unidades familiares,
que, desse modo, não podem acessar a terra por via do mercado. Os sistemas que, com maior
área produtiva, conseguem uma reprodução ampliada a partir do arrendamento, mas, para
estes, o preço da terra também é um empecilho para a compra, ficando dependentes dos
arrendamentos. Desse modo, as grandes empresas florestais da zona homogênea concentram
áreas, pressionando para o aumento no preço da terra e apropriam-se da renda fundiária
gerada pelo trabalho dos pequenos produtores. Nesse contexto, sem uma intervenção pública
parece pouco provável que estas unidades encontrem mecanismos de acesso a terra, para
viabilizar seus sistemas, e portanto, tendem a abandonar a produção.