Arendt: ação, discurso e esfera pública
Abstract
Esta dissertação evidencia as compreensões de Hannah Arendt acerca da Política: ação, discurso e esfera pública. Desse modo, o sentido da Política é a liberdade, factualmente
experienciada por atos e palavras, quando os homens aparecem e se revelam na esfera pública; ou seja, a Política somente surge entre-homens. Esses por serem diferentes precisam do discurso e da ação para se fazerem entender. Todavia, Arendt reconhece que ação e discurso são atividades que por si mesmas são tão fúteis como a própria vida. Atos e palavras, a fim de que se tornem parte do mundo, precisam ser vistos, ouvidos e partilhados; e seu
único pressuposto é a constante presença de outros homens. Especificamente, ação e discurso correspondem à condição humana da pluralidade. A investigação centrou-se nas descrições de Arendt das noções e das experiências políticas da tradição, destacando que a autora não hesita em afirmar que o reconhecimento da pluralidade humana e o estabelecimento e preservação de espaços intermediários são condições essenciais à Política. Os propósitos foram, de um
lado, demonstrar que o pensamento político de Arendt é impregnado pelas suas leituras da política antiga, concebida como uma atividade que surge nos espaços que os homens
estabelecem para se ocupar dos interesses comuns. De outro lado, manifestar que, nos tempos modernos e atuais, tanto a ascensão da esfera social quanto a invasão do campo da ação e do discurso pelo trabalho e pela fabricação favoreceram o esquecimento da liberdade como o
sentido da política. Em suma, que, para Arendt, o sentido originário da Política, esquecido ou obscurecido através dos séculos, sempre encontra possibilidade de se atualizar, como
demonstram suas descrições das revoluções modernas, do movimento operário e popular e, mais recentemente, da desobediência civil americana.