Relações de poder em território de segregação e conflito: representações que engendram territorialidades. Estudo de caso: da Vila Nossa Senhora Aparecida no contexto da Montanha Russa - Santa Maria/RS.
Abstract
O presente trabalho de pesquisa-participante instrumenta-se do suporte conceitual da geografia social e assume como objeto de discussão e análise as relações de poder que se estabelecem a partir da fragilidade do direito ao território, como condição produtora de segregação sócioespacial.
Para tal análise focalizo as falas dos atores e as representações suscitadas no bojo do processo investigativo, que se estabeleceu a partir da busca de se conhecer, junto com os moradores, os planos do Poder Público Municipal, para o território representado pela Montanha Russa e mais particularmente, para a Vila Nossa Senhora Aparecida, nesse
momento específico em que se planeja a implantação do Parque Municipal da Barragem do rio Vacacaí-Mirim ou DNOS, Santa Maria, Rio Grande do Sul. Como elemento configurador do conflito socioambiental, a irregularidade fundiária pode ser vista também, como uma das questões subjacentes aos processos que produzem a territorialidade da Vila Nossa
Senhora Aparecida e à medida em que restringe o acesso a outros direitos da cidadania, a irregularidade fundiária participa da base produtora da segregação sócio-espacial. A falta de transparência dos planos, que partem da esfera municipal, motiva o processo investigativo que ocorre junto com os moradores, propiciando a esses atores o acesso
a informações, a documentos, mapas, bem como o contato com diferentes atores que contribuem para uma percepção mais ampla dos fatos, favorecendo uma atmosfera de busca de entendimento e de desvelamento dos interesses encobertos. Tais condutas indicam a possibilidade de maior participação desses atores, de uma alternativa negociada para a situação; bem como o surgimento de processos
renovados de representação, produção e de reprodução do lugar.