Alfabetização financeira: relações com fatores comportamentais e variáveis socioeconômicas e demográficas
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2016-12-19Metadatos
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A alfabetização financeira vem sendo reconhecida como uma habilidade essencial para os indivíduos atuarem no complexo contexto econômico que estão inseridos. No entanto, as evidências indicam que a alfabetização financeira é um fenômeno complexo e que pode ser determinante de outros fatores comportamentais, além de apresentar-se de maneira distinta em diferentes variáveis socioeconômicas e demográficas. Assim, o presente trabalho busca inovar e avançar neste tema, tendo como objetivo desenvolver um modelo capaz de abarcar as relações diretas e indiretas da alfabetização financeira com os fatores comportamentais: materialismo, compras compulsivas e propensão ao endividamento. Buscando ainda identificar a invariância do modelo proposto segundo as variáveis socioeconômicas e demográficas, ao verificar se um único modelo é adequado para mensurar a alfabetização financeira de diferentes grupos de indivíduos e nestes, apontar as diferenças de médias existentes entre eles. Para tal, realizou-se uma pesquisa com 2.487 indivíduos, utilizando análise fatorial confirmatória, modelagem de equações estruturais e análise multigrupo, com oito proposições e seis hipóteses de pesquisa que integram o modelo proposto. Os principais resultados demonstraram que a maioria dos pesquisados possui um baixo nível de alfabetização financeira e o modelo para mensuração da mesma apresentou-se invariante apenas para as variáveis gênero, escolaridade e renda própria, confirmando três proposições de pesquisa. Além disso, cinco hipóteses de pesquisa foram confirmadas, constatando-se que o impacto da alfabetização financeira nas compras compulsivas foi o maior entre as relações diretas propostas. Já no que tange aos efeitos totais que a alfabetização financeira possui nos fatores comportamentais, percebe-se que o maior impacto da mesma foi sobre o comportamento de compra compulsiva, seguido do impacto na propensão ao endividamento e, por fim, sobre o materialismo. Tais resultados tornam-se importantes para o desenvolvimento de políticas públicas e de outros agentes interessados no tema, uma vez que a alfabetização financeira vai além do fato de impactar na saúde financeira daqueles que a possuem, mas também pode auxiliar de uma forma mais ampla naqueles que sofrem de outros comportamentos psicossociais, como o comportamento de compras compulsivas. Modelos dessa natureza tornam-se fundamentais para que se entenda a importância e os possíveis impactos da adoção de estratégias nacionais de alfabetização financeira, podendo auxiliar na construção de tratamentos. Demonstrando que o impacto que se imaginava ao estudar apenas a alfabetização financeira na propensão ao endividamento dos indivíduos, se torna ainda mais expressivo quando outros fatores comportamentais estão envolvidos nesta relação.
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