Percepção do agente comunitário de saúde em saúde mental em uma estratégia de saúde da familia
Abstract
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso que objetivou compreender a percepção dos ACS em Saúde Mental na realidade de uma ESF com Residência Multiprofissional, situada em um município do interior do RS. Se realizou uma entrevista semi-estruturada para coleta de dados. Esse estudo está de acordo com o que recomenda a Resolução nº 196/96, do Ministério da Saúde. Os participantes do estudo foram onze agentes comunitários de saúde, dentre eles, alguns com vários anos de trabalho no território, enquanto outros, com poucos meses de experiência. A análise dos dados empíricos fez emergir dois temas principais que são: O Peso da Palavra e do Estigma, Integralidade e Saúde Mental. A vivência, em dois anos no campo de atividades na condição de residente, contou com ações fortemente pautadas no contato direto com os usuários do serviço, especialmente por meio de visitas domiciliares realizadas com os ACS. Essa situação influenciou a escolha da temática, acredita-se que os ACS são sujeitos fundamentais na identificação precoce de casos de adoecimento de saúde mental, junto aos grupos especialmente vulneráveis nos territórios. Os resultados mostraram que mesmo com a desestruturação da equipe e da rede de saúde municipal, os residentes firmaram um vínculo muito forte com os ACS neste período. Foi possível também, ao realizar assistência em saúde mental, compreender o sofrimento pelo qual os ACS estavam passando e ajudar na necessidade que encontravam de externar seus sentimentos.Através dessa troca, se compartilhou a responsabilidade frente à demanda do território. Essa situação foi desafiadora e tocante, pois tentar realizar um trabalho humanizado, planejado e sistematizado frente a inúmeras restrições foi realmente complexo.