Caracterização química e avaliação das atividades antimicrobiana, antinociceptiva e anti-inflamatória do própolis da Melipona quadrifasciata quadrifasciata
Resumo
A procura por produtos naturais com aplicação biológica tornou-se de grande interesse da
comunidade científica, e não diferentemente, ocorreu com os produtos produzidos pelas
abelhas: mel, própolis, cera e pólen. Vários estudos tem sido desenvolvidos sobre a
estrutura química e bioatividade da própolis de abelhas africanizadas (Apis mellifera).
Contudo, há uma variedade de mais de 300 espécies de abelhas nativas na fauna
brasileira, conhecidas como abelhas indígenas sem ferrão (meliponíneos), as quais poucos
estudos têm sido realizados; portanto, pouco se conhece a respeito da composição química
e atividade de seus produtos e subprodutos. Este trabalho se propôs a investigar a
composição química e determinar o potencial antimicrobiano, antioxidante, antinociceptivo e
anti-inflamatório do extrato hidroalcoólico (EHP) do própolis da Melipona quadrifasciata
quadrifasciata. A análise química do EHP, através de técnicas colorimétricas e
cromatográficas (HPLC-DAD and UPLC-Q/TOF- MS/MS) mostrou que os mesmos são
compostos por uma mistura de polifenóis, flavonoides e terpenos. O EHP apresentou
atividade antioxidante dose-dependente, sendo a IC50= 241 μg/mL. A atividade
antimicrobiana foi testada contra cepas gram positivas (Staphylococcus aureus,
Staphylococcus aureus, meticilina resistente e Enterococcus faecalis) e gram negativas
(Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae) através do método de microdiluição em caldo.
Sendo que o EHP apresentou maior atividade antimicrobiana contra as cepas gram positivas
em comparação as cepas gram negativas. O EHP causou lise bacteriana tanto em S. aureus
como em E. coli, indicando que esse pode ser um dos mecanismos pelo qual o EHP exerce
seu efeito antimicrobiano. Além disso, a atividade hemolítica do S. aureus foi
significativamente menor quando incubado na presença de concentrações sub-inibitórias do
EHP. Camundongos tratados intragastricamente (i.g.) com EHP (300 e 1000 mg/kg)
apresentaram significativa redução do comportamento nociceptivo induzido pela injeção
intraplantar (i.pl.) de formalina, em ambas as fases do teste. Enquanto que a dose de 300
mg/kg de EHP reduziu a nocicepção no teste da nocicepção induzida por bradicinina,
prostagladina E2, histamina, forscolina, forbol-12-miristato-13-acetato, capsaicina,
cinamaldeído e salina acidificada; sugerindo que o efeito antinociceptivo do EHP se dá não
só por bloqueio direto dos receptores TRPV1, TRPA1 e ASIC, mas também através da
inibição das vias de sinalização da PKA e PKC. O tratamento com EHP (300 mg/kg/i.g.)
reduziu o edema de orelha induzido topicamente por xileno e a atividade inflamatória no
teste da peritonite induzida por carragenina; onde o potencial anti-inflamatório da EHP foi
estabelecido pela diminuição da migração celular, porcentagem de neutrófilos e teor de
proteína no lavado peritoneal, além da diminuição das citocinas pró-inflamatórias IL-17 e IL-
6 e aumento da citocina anti-inflamatória IL-10. Assim, esse conjunto de dados suporta, pelo
menos em parte, o uso tradicional do extrato hidroalcoólico de própolis da Melipona
quadrifasciata quadrifasciata.
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