Parâmetros biológicos da produção de tomateiro via modelo logístico
Resumo
As olerícolas de múltiplas colheitas caracterizam-se por apresentarem elevada variabilidade entre
plantas e colheitas. Esse aspecto limita o uso da ANOVA, pois os pressupostos de normalidade,
homogeneidade e independência dos resíduos são violados. Porém, existem inúmeras abordagens
estatísticas que podem ser utilizadas para analisar experimentos com olerícolas de múltiplas colheitas,
entre estes, os modelos não lineares. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo descrever o
comportamento produtivo do tomate ao longo do tempo (colheitas) através de modelos não lineares e
indica-los como ferramenta de análise estatística para ser usado em experimentos com tomate. Dois
experimentos (2015/2016 e 2016/2017) foram conduzidos a campo no departamento de Fitotecnia da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com diferentes genótipos de tomate: Cordillera, Ellen e
Santa Clara no primeiro ano; e Cordillera e Gaucho no segundo. Os frutos foram colhidos
semanalmente, sendo eles contados e pesados. As variáveis número e massa de frutos foram
acumuladas consecutivamente (a cada colheita), e a estes dados foram ajustados os modelos Brody,
Gompertz, logístico e von Bertalanffy. O melhor modelo foi selecionado com base no valor do
coeficiente de determinação (R2) e na não linearidade paramétrica. A igualdade entre os parâmetros do
modelo selecionado, estimados em cada genótipo, foi verificada utilizando o teste F. Por fim, foram
obtidos os pontos críticos do modelo: ponto de aceleração máximo, ponto de inflexão, ponto de
desaceleração máximo e ponto de desaceleração assintótico. As variáveis apresentaram
comportamento sigmoidal, o que possibilitou o ajuste dos modelos de crescimento. Entre os modelos
testados, foi selecionado aquele com elevada capacidade de predição e não linearidade baixa,
indicando que as estimativas são aproximadamente não viesadas. Com base nas estimativas dos
parâmetros e nos pontos críticos do modelo selecionado, foram realizadas inferências quanto a
produção total, precocidade produtiva e concentração da produção. O modelo logístico foi o
selecionado, independente do ano ou do genótipo, pois apresentou baixa não linearidade paramétrica, e
com base nas estimativas dos seus parâmetros e pontos críticos foi possível realizar inferências quanto
ao comportamento produtivo dos genótipos. No primeiro ano, o genótipo Cordillera foi o mais
produtivo e o mais precoce, atingindo o pico de produção aproximadamente aos 85 dias após o
transplante das mudas (DAT), com uma produção concentrada entre os 82 e 89 DAT,
aproximadamente. O genótipo Ellen foi o menos produtivo, porém o seu comportamento foi
semelhante: a produção se concentrou entre os 82 e 89 DAT, com pico aos 85 DAT. O genótipo Santa
Clara obteve uma produção intermediaria e pouco precoce, uma vez que atingiu o pico de produção
apenas aos 90 DAT, e concentrou sua produção entre os 92 e 102 DAT. No segundo ano, o genótipo
Gaucho apresentou uma produção menor, porem mais concentrada que o genótipo Cordillera. No
genótipo Gaucho o pico da produção foi observado aproximadamente aos 90 DAT (concentrando-se
entre 85 e 100 DAT, aproximadamente), enquanto que o genótipo Cordillera o pico ocorreu por volta
dos 100 dias (concentrando-se entre 92 e 110 DAT, aproximadamente). Os modelos de crescimento
mostraram-se uma alternativa de análise estatística de experimentos com tomate. Além disso, a partir
dos seus parâmetros e pontos críticos, é possível realizar inferências quanto a produção, precocidade
produtiva e a concentração da produção de frutos de tomate. Apesar desse trabalho se concentrar na
cultura do tomate, os modelos são uma alternativa de análise para qualquer cultura olerícola.
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