Caracterização de isolados de Sclerotinia sclerotiorum e manejo do mofo-branco e nematoide-das-galhas utilizando indutores de resistência na cultura da soja
Resumo
O fungo Sclerotinia sclerotiorum é causador do mofo-branco, uma das principais doenças da cultura da soja, tanto pelos prejuízos ocasionados, como pela dificuldade de controle, devido a uma ampla gama de hospedeiros e à formação de escleródios como estruturas de sobrevivência. Os nematoides-das-galhas (Meloidogyne spp.) ocasionam o comprometimento do sistema radicular, reduzindo a absorção de água e nutrientes, interferindo no desenvolvimento adequado das plantas e consequentemente reduções significativas na produtividade. Pesticidas com alta toxicidade e elevado número de pulverizações protetivas são necessários para o manejo do mofo-branco e fitonematoides, os quais vem promovendo impactos irreversíveis no ambiente, na saúde humana e na resistência adquirida pelos patógenos. Assim, os indutores de resistência constituem uma alternativa para o manejo integrado de doenças, promovendo uma agricultura mais sustentável, pois ativam os mecanismos latentes de proteção dos vegetais. Diante disso, objetivou-se realizar a caracterização morfológica e patogênica de 20 isolados de Sclerotinia sclerotiorum, avaliar o efeito de indutores de resistência no manejo do mofo-branco e nematoides-das-galhas e avaliar o período de proteção induzida pelos eliciadores estudados, no envolvimento de algumas enzimas como amônia-liases de fenilalanina, peroxidases e polifenoloxidase. Os experimentos foram conduzidos na Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico Westphalen/RS. Vinte isolados de Sclerotinia sclerotiorum foram caracterizados quanto a sua morfologia, avaliando características como tempo necessário para o fungo ocupar a placa; densidade do micélio formado, coloração das colônias, velocidade de crescimento micelial, formação ou não de escleródios, tempo para formação do primeiro escleródio, quantidade total de escleródios formados por placa, formato, distribuição na colônia e peso dos escleródios. Além de ser caracterizados patogenicamente pelo método da folha destacada. Para avaliação da indução de resistência no controle do mofo-branco e nematoide-das-galhas o delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2x9, sendo duas cultivares de soja (BMX Lança IPRO e BMX Elite IPRO) e oito indutores de resistência (Big Red®, Supa Sílica®, Yantra®, Reforce®, Supa Cobre®, Phyto Dunger®, Kellus Imune® e Bion®) + testemunha (plantas não tratadas e inoculadas), com seis repetições. Para mofo-branco foi avaliado dois isolados (LF02 e LF06) e para nematoides duas espécies (M. arenaria e M. incognita). Para avaliar o efeito da aplicação de indutores de resistência na expressão de mecanismos de defesa considerou-se um experimento fatorial 2x8x8, sendo duas cultivares (BMX Lança IPRO e BMX Elite IPRO), oito tempos de coleta das folhas (1, 2, 4, 6, 8, 24, 48 e 72 horas após a aplicação dos indutores (API)) e oito indutores (Big Red®, Supa Sílica®, Yantra®, Reforce®, Supa Cobre®, Phyto Dunger®, Kellus Imune® e Bion®). As
populações avaliadas apresentaram ampla variabilidade para as características morfológicas e patogênicas. Não foi possível verificar a existência de grupos comuns devido à alta diversidade genética. Os isolados apresentaram diferentes níveis de agressividade, sendo os dois mais agressivos LF02 e LF06. A maioria dos indutores de resistência testados foram eficientes no controle de S. sclerotiorum e M. arenaria e M. incognita, que variam conforme cultivar e época de cultivo, reduzindo os sintomas da doença em relação à testemunha. Os indutores de resistência Bion®, Kellus Imune®, Supa Sílica®, Supa Cobre® e Big Red® resultaram no melhor controle do mofo-branco e nematoide-das-galhas para todos os parâmetros avaliados. Destacam-se os indutores Kellus Imune®, Reforce® e Phyto Dunger® como os melhores eliciadores, pois proporcionaram os melhores incrementos a atividade das enzimas amônia-liases de fenilalanina, peroxidases e polifenoloxidase. Por apresentarem baixa toxicidade aos seres humanos e por agirem diretamente no metabolismo da planta, não apresentando qualquer efeito direto sobre os organismos alvo, esses produtos demonstram-se como promissores na indução de resistência, podendo ser indicados para o manejo integrado de doenças na cultura da soja.
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