O processo de implementação da gestão por competências na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM): análises e diretrizes
Resumo
O presente estudo objetivou analisar a construção de processos para a implementação da gestão por
competências (GC) na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A fundamentação teórica
contemplou três tópicos principais: Gestão de Pessoas na Administração Pública; Gestão por
Competências; e Gestão por Competências na Administração Pública, enfatizando o modelo de Brandão
e Bahry (2005) considerado o mais adequado para nortear esta pesquisa. Quanto ao método, o estudo se
caracterizou como uma pesquisa de campo exploratória-descritiva, aplicada, com abordagem qualitativa
e lógica dedutiva, realizada na UFSM. Os dados foram coletados por meio de 22 entrevistas individuais
semiestruturadas (com a Pró-Reitora de Gestão de Pessoas; comissão de gestão de competências; e
Diretores de Unidades de Ensino), além de análise documental e observação não participante. Para a
análise dos dados, foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo. Os principais resultados mostram que
a UFSM definiu e está realizando, até o momento, três principais etapas para a implementação da GC:
a sensibilização, a identificação das competências organizacionais e o mapeamento das competências
individuais. Quanto aos motivos que levaram a Instituição a introduzir esse modelo, destacam-se:
necessidade de deixar a área de gestão de pessoas (GP) mais moderna e estratégica; cumprir a demanda
legal; atender às recomendações de órgãos de controle; subsidiar os processos de gestão de pessoas; e
dar resposta às críticas sobre servidores que assumiam cargos de gestão sem possuir as competências
necessárias para tal. Os principais desafios e dificuldades que a comissão de GC está enfrentando na
conduta do projeto são: falta de dedicação exclusiva às atividades; falta de espaço físico e mobiliário
para as reuniões; o fato de ser um modelo novo e complexo no serviço público, com poucas práticas;
sensibilização de toda a Instituição; equipe reduzida; grande volume de trabalho; resistência dos
servidores; e dúvida quanto ao apoio dos gestores. Apesar disso, os entrevistados acreditam que é
factível a implementação da GC na Universidade. Ainda, os resultados revelaram que grande parte dos
Diretores de Unidades de Ensino da UFSM não está suficientemente preparada para receber a GC.
Também, os Diretores expuseram gargalos e sugestões de mudanças na Universidade visando ao êxito
do modelo, entre eles: rever a estrutura administrativa e a distribuição de servidores; deixar mais claro
o que se espera de cada função; mudar a cultura organizacional; sensibilizar toda a comunidade
universitária; investir na criação e utilização de ferramentas tecnológicas; tornar as decisões menos
políticas e mais técnicas; descentralizar o planejamento das ações institucionais; diminuir a burocracia;
ter coragem política; e atribuir cursos de capacitação como pré-requisito para assumir cargos gerenciais.
Os Diretores ainda apontaram os possíveis desfechos que a GC trará para a UFSM, caso seja
implementada, quais sejam: agilização e padronização de processos; melhoria no atendimento à
comunidade; melhoria na motivação e bem-estar dos servidores; melhoria na seleção, preparação e
capacitação de gestores; melhoria econômica para a Universidade; e auxilio na qualificação da
Instituição. Por fim, foram propostas diretrizes para que a GC seja implementada da melhor maneira
possível na UFSM. Percebeu-se, também, que a GC ainda é embrionária na maior parte das
universidades federais brasileiras, principalmente pela falta de metodologias e legislações claras que
proporcionem segurança jurídica, sobretudo à área de GP, quanto à aplicação das práticas desse modelo.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: