Marcadores inflamatórios, cardíacos e expressão de ectoenzimas do sistema purinérgicoem plaquetas de pacientes HIV positivos
Abstract
Estudos atuais têm demonstrado que a infecção pelo HIV e o tratamento antirretroviral podem favorecer um estado pró-coagulante e dislipidemias, os quais contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. As plaquetas estão envolvidas nas cardiopatias, e possuem numerosas enzimas, entre elas as ectoenzimas do sistema purinérgico, responsáveis pela hidrólise de nucleotídeos de adenina. Estes nucleotídeos e o nucleosídeo da adenina induzem nas células diferentes respostas como proliferação, diferenciação, quimiotaxia, liberação de citocinas, angiogênese, ativação de células endoteliais e agregação plaquetária. São eles o ATP, o ADP, o AMP e a adenosina, cujas concentrações extracelulares são controladas pela atividade das enzimas E-NTPDase (CD39), E-5’-nucleotidase (CD73), E-NPP e ecto- adenosina deaminase (E-ADA). Diante disso, este estudo objetivou, quantificar as citocinas pró e anti-inflamatórias (IL-6, IL-17, IFN-gamma, TNF, IL-10, IL-4, IL-2); e os marcadores cardíacos (troponina, LDH, CK, CK-MB, PCR); avaliar a atividade e expressão de ectoenzimas em plaquetas de pacientes HIV positivos, verificando assim a importância da sinalização purinérgica na tromborregulação, na resposta imune e inflamatória. Avaliou-se ainda, a agregação plaquetária, o perfil lipídico e a atividade in vitro destas ectoenzimas utilizando doses próximas às terapêuticas. Foram incluídos no estudo pacientes HIV positivos, em acompanhamento no ambulatório de infectologia do HUSM. Os resultados revelaram alterações na atividade das ectoenzimas (E-NTPDase, E-5’-nucleotidase e E-ADA) em plaquetas, sem apresentar alteração na expressão. A E-NTPDase mostrou alteração (P<0.05) na hidrólise do ATP em no grupo HIV em relação ao grupo controle. Para a hidrólise de ADP foi observada uma menor atividade (P<0.05) no grupo HIV HAART em comparação com o grupo de controle. O grupo HIV HAART em comparação com o grupo HIV diminuiu 1,2 vezes a hidrólise do ADP (P<0,05). Hidrólise enzimática do AMP aumentou em 53% (P<0.05) no grupo HIV, em comparação com o grupo de controle. Entre o grupo controle e HIV HAART não houve diferença significativa (P>0,05) na hidrólise do AMP. E-ADA apresentou uma redução de 49.6% na sua atividade no grupo HIV HAART em comparação com o grupo controle. Também foi observada uma redução de 34,8% na atividade de E-ADA, quando comparado o grupo HIV com o grupo controle (P<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos HIV HAART e HIV (P>0,05) na atividade da E-ADA. A agregação plaquetária destes pacientes revelou-se aumentada, em 26% e 40% usando o agonista ADP (P<0,05). Foram observadas alterações no perfil lipídico, com aumento nos níveis séricos de colesterol LDL, redução no colesterol HDL e aumento de triglicerídeos no grupo de pacientes HIV positivos sob o uso de terapia antirretroviral. Estes pacientes apresentaram uma elevação (P<0.05) nas concentrações séricas de IL-6 e INF-gamma (P<0.05), sem alteração de marcadores cardíacos específicos; com exceção da proteína C reativa (PCR) que também é marcador inflamatório. Não houve alteração significativa na atividade in vitro das ectoenzimas em plaquetas quando incubadas com os fármacos antirretrovirais. Os resultados sugerem que as ectoenzimas do sistema purinérgico estão envolvidas no processo de tromborregulação dos pacientes HIV positivos. Indicam ainda alterações nos perfis inflamatório, lipídico e de agregação plaquetária que podem corroborar para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Os parâmetros relatados neste estudo podem ser úteis na identificação do risco cardiovascular, no monitoramento da patologia e no acompanhamento da evolução do tratamento antirretroviral no seu uso crônico.
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