Distribuição de macroinvertebrados, com ênfase no gênero Hyalella (Crustacea: Peracarida: Amphipoda), em ambientes lênticos e lóticos do sul do Brasil
Resumo
Os ambientes aquáticos têm sido alterados em consequência do aumento de atividades antropogênicas. A degradação dos ecossistemas aquáticos atingiu níveis alarmantes, principalmente em ecossistemas dulcícolas. O monitoramento e avaliação dos recursos hídricos, utilizando índices bióticos, contribuem para um melhor acompanhamento das condições e processos ecológicos dos ecossistemas aquáticos. Atualmente o grupo biótico mais testado e utilizado em estudos de bioindicação em recursos hídricos são os macroinvertebrados. Os crustáceos estão entre os invertebrados mais representativos em ambientes dulcícolas. Amphipoda está entre as ordens mais representativas, abrigando a Família Hyalellidae e o gênero Hyalella, sendo este o único gênero de crustáceos anfípodos encontrado nos ambientes límnicos brasileiros. O Brasil é o país americano com a maior diversidade do gênero Hyalella (Crustacea). Entretanto, estudos ecológicos com o gênero no país são raros. Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo analisar a estruturação das comunidades de macroinvertebrados de água doce, com ênfase no gênero Hyalella, entre ambientes lóticos e lênticos (naturais e artificiais), na região central do Estado do Rio Grande Sul, bem como identificar a influência de variáveis ambientais sobre a estrutura dessas comunidades. Foram realizadas amostragens em 105 corpos d'água (açudes, banhados e riachos) abrangendo todos os municípios da região central do Estado do Rio Grande do Sul. Parâmetros físicos e químicos da água foram mensurados em cada ponto amostral. Foi amostrado um total de 26.181 indivíduos, distribuídos em 40 táxons. O gênero mais abundante foi Hyalella, com 14.601 indivíduos. O ambiente que apresentou a maior abundância de macroinvertebrados foi o banhado. Foi constatado que os ambientes lênticos e lóticos diferiram quanto às variáveis ambientais, e essa variação interferiu na distribuição dos macroinvertebrados, e que os ambientes lênticos artificiais apresentam-se como uma alternativa de preservação, apresentando essencial responsabilidade para a preservação de táxons ocorrentes em ambientes lênticos naturais e lóticos. Para Hyalella, constatou-se que as variações dentro do mesmo ambiente não é o que, de fato, parece interferir e explicar a presença e a abundância de Hyalella, e sim, a variação entre os ambientes (lênticos naturais e artificiais e lóticos) é que parece determinar a presença e abundância do gênero. Observou-se, também, uma forte influência do ambiente na ocorrência/distribuição das espécies de Hyalella identificadas para a região amostrada, sendo que o açude pode estar representando uma área importante de intersecção entre banhado e riacho. Foram identificadas duas espécies, Hyalella bonariensis e Hyalella curvispina, que já eram conhecidas para o Estado do Rio Grande do Sul, e seis morfoespécies, as quais têm grande probabilidade de serem espécies novas para a ciência. Visto que os ambientes dulcícolas são ecossistemas altamente ameaçados, estudos que abordem seu funcionamento e manutenção da biodiversidade contribuirão de forma significativa para a preservação destas áreas, fornecendo subsídios para futuros programas de conservação.
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