Potenciais efeitos da cafeína sobre parâmetros bioquímicos e inflamatórios em ratos submetidos ao treinamento intervalado de alta intensidade
Resumo
A cafeína tem sido usada como uma substância ergogênica com a finalidade de melhorar a performance atlética ou atenuar os mecanismos geradores de fadiga. No entanto, o efeito ergogênico da cafeína em exercícios de alta intensidade permanece controverso e pouco esclarecido, parecendo ser dependente de alguns fatores como duração do exercício, protocolo utilizado e estado de treinamento dos indivíduos. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os feitos da cafeína em parâmetros bioquímicos musculares, neuroquímicos e inflamatórios em ratos submetidos ao treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT). Os animais foram divididos em seis grupos: controle, cafeína 4 mg/kg, cafeína 8 mg/kg, HIIT, HIIT/cafeína 4 mg/kg e HITT/ cafeína 8 mg/kg. Os ratos foram treinados utilizando-se um protocolo de natação, três vezes por semana, durante 6 semanas, totalizando uma carga de trabalho de 23% do peso corporal no final do experimento. A cafeína foi administrada oralmente 30 minutos antes da sessão de treinamento. Em músculo foi avaliado níveis de glicogênio, atividade das enzimas acetilcolinesterase (AChE) e Ca2+ATPase e alterações histológicas. Em sistema nervoso foi avaliado o comportamento ansiolítico, a atividade da enzima Na+ K+ ATPase e parâmetros de estresse oxidativo. O impacto da cafeína e do HIIT na sensibilidade e proliferação dos linfócitos, níveis de IL-6 e IL-10 e atividade das enzimas NTPDase, adenosina desaminase (ADA) e AChE em linfócitos também foi determinado. Nossos resultados demonstraram um aumento nos níveis glicogênio em todos os grupos quando comparado ao grupo controle. HIIT aumentou a espessura do ventrículo esquerdo bem como causou um aumento na atividade de Ca2+ ATPase (67,43%- agudo e 34,51% - crônico) e uma diminuição na atividade da AChE (20,69%) em músculo gastrocnêmio. O tratamento com cafeína preveniu as alterações nas atividades enzimáticas, bem como a adaptação à hipertrofia ventricular esquerda induzida pelo HIIT. O treinamento induziu um comportamento ansiolítico e aumentou a atividade da Na+ K+ ATPase (46,13% em córtex cerebral e 50,13%em hipocampo) e da glutationa peroxidase (38%) os níveis de TBARS (60% e 37,66%) e alterou a atividade da superóxido dismutase e da catalase em córtex cerebral, hipocampo e estriado de ratos. O tratamento com cafeína foi capaz de prevenir as alterações em sistema nervoso causada pelo HIIT. Quando cafeína foi associada com HIIT ocorreu um aumento na proliferação de linfócitos T (147, 61%) e na sensibilidade destas células a glicocorticoides. No protocolo crônico o HIIT induziu a diminuição na hidrólise de ATP (19,88%) e ADP (31,28%) em linfócitos sendo que cafeína foi capaz de reverter apenas alterações na hidrólise de ATP. HIIT causou um aumento nas atividades ADA (30,27%) e AChE (54,76%) nos linfócitos e este efeito foi mais pronunciado em ratos treinados e tratados com cafeína (95,99%). O nível de IL-6 foi aumentado (138,5%) enquanto que o nível de IL-10 foi diminuído (41%) em animais treinados (HIIT) e a cafeína foi capaz de reverter este efeito. Nossos resultados demonstram que a cafeína pode modular vias cruciais para a contração muscular além de prevenir alterações inflamatórias e no estado redox induzidas pelo HIIT.
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