Entre estigmas e distinções: a estruturação das posições sociais de sem-terra e assentados na região estancieira do Rio Grande do Sul
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2017-06-30Metadatos
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Esta dissertação analisa como se dá o processo de inserção de populações beneficiárias da política de assentamentos rurais na estrutura de posições sociais do município de Santa Margarida do Sul no estado do Rio Grande do Sul (Brasil). Esse município localiza-se em um espaço que, desde o final do século XVIII, se caracteriza pela ocupação e hegemonia por senhores de terras denominados estancieiros. Esta pesquisa baseia-se em entrevistas com os beneficiários da política de assentamentos rurais e com os antigos moradores do município, além de observação direta em situações de convivência com cada um desses grupos. Note-se que as populações assentadas passam a ocupar de modo sistemático posições na região apenas em meados da década de 1980, sendo que no município isso se deu no ano de 2008. Partindo de uma condição migrante, marcada por embates no campo dos conflitos agrários, visualiza-se como os assentados adquirem uma posição outsider perante os antigos moradores, os aqui chamados munícipes. Estabelece-se um conjunto de relações determinado pelas assimetrias de poder e coesão entre o grupo identificado enquanto antigos moradores e o grupo dos novos entrantes assentados. De modo a complexificar a compreensão das condições e posições sociais, propõe-se aqui construir uma análise da dualidade assentados/munícipes dentro de duas temporalidades. Primeiramente, uma análise de perspectiva estática, na qual a chegada dos sem-terra frente aos munícipes gerou uma percepção de grupos com relativa homogeneidade interna, caracterizando um momento inicial do processo de assentamento rural em que as posições são estanque. Nesse sentido, objetivam-se as significações construídas nos momentos tensos de disputas no campo dos conflitos agrários, caracterizadoras de um período no qual a condição de munícipes e sem-terra é de grupos em oposição. Em um segundo momento, para além de uma análise de posições estáticas entre grupos, procura-se entender quais são os agentes e objetivos em jogo quando se dão aproximações. Visualizam-se redes de relações de cunho econômico e político que se constroem a partir do ingresso de assentados em diferentes redes de sociabilidade, como o Poder Público Municipal. Conforme os assentados demonstram possuir diferentes competências, e que estas passam a ser reconhecidas e legitimadas ou deslegitimadas, abre-se uma nova condição onde assentados e munícipes se constituem enquanto grupos em diferenciação. Em outras palavras, passado um período inicial de implantação do assentamento rural, a relação entre assentados e munícipes pode ser entendida por complexas redes de relações, onde noções generalizantes como „aversão‟ ou „integração‟ não dão conta da diversidade de situações.
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