Tempo de quê?: as percepções das crianças sobre o tempo escolar na transição da educação infantil para os anos iniciais
Resumo
Esta pesquisa está vinculada ao Curso de Mestrado em Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal de Santa Maria, na linha de Práticas Escolares e Políticas Publicas (LP2) e ao Grupo de Investigação e Estudos Contemporâneos em Educação e Infância – GIECEI. O estudo teve como objetivo investigar as percepções infantis sobre a escola, de uma turma pré-escolar do município de Júlio de Castilhos/RS, em meio à transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. O percurso investigativo assumiu aspectos da pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, com base nos estudos de Minayo (1996), André (2005) e Bakhtin (2006). Como metodologia investigativa utilizou-se a observação participante, com base em Lapassade (2001), e como instrumentos de coleta de dados o diário de bordo, e a documentação pedagógica por meio de desenhos produzidos pelas crianças (Francischini e Campos, 2008). A análise dos dados produzidos durante a pesquisa foi realizada a partir da análise de conteúdo, que para Bardin (2009) é compreendida como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Com este estudo, foi possível evidenciar as ações das crianças no processo de criação de significados em um movimento de inserção no contexto escolar e de atendimento às próprias demandas e curiosidades, em meio à organização do tempo, o qual foi compreendido como uma categoria cognoscitiva socialmente construída que engloba tanto a subjetividade individual como o conjunto dos significados culturais e sociais (Bondioli, 2004). Isto foi possível, em parte, devido à abordagem teórica adotada nesta pesquisa, com base na documentação pedagógica, da qual foi utilizado o diário de bordo na perspectiva dos diários de aula do pesquisador Zabalza (1994) e os desenhos das crianças, levando em consideração os aportes teóricos de Oliveira-Formosinho e Azevedo (2002),os quais foram fundamentais na análise dos dados construídos ao longo do trabalho. Muitos são os desafios que a educação precisa enfrentar e um deles é fazer com que a criança seja reconhecida como sujeito de direitos, cidadã. E, conforme os resultados a que se chegou, a pesquisa aponta que é necessário assegurar à criança condições para o seu desenvolvimento, não só na letra da lei, mas no plano concreto e real no qual o direito de brincar seja legitimamente reconhecido, assim como o seu tempo e o seu espaço sejam respeitados e ganhem também sua devida importância.
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