Batata-doce irrigada para a produção de etanol
Resumo
A batata-doce é uma raiz amilácea de elevado potencial para uso na produção de bioetanol. No entanto, sua produtividade está intrinsicamente ligada aos fatores ambientais e de manejo, onde se destacam a disponibilidade de água nos períodos de cultivo e a época de colheita, que foram objeto do presente estudo. Dois ensaios de produção (2013-2014 e 2014-2015) foram instalados na área experimental do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria-RS, com a variedade BRS Cuia (RNC 27.315). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições, em esquema fatorial, onde os fatores foram as lâminas de irrigação e as épocas de colheita. Os tratamentos consistiram em aplicação de lâminas de irrigação suplementar de 25%, 50%, 75% e 100% da evapotranspiração da cultura (ETc) e o tratamento testemunha (sem irrigação). As épocas de colheitas foram: 90, 120, 150, 180 e 210 dias após o plantio. A unidade experimental foi formada por 4 m de largura e 5 m de comprimento (20 m2), área total de 400 m2, sem as plantas de bordadura e o espaçamento entre as linhas foi de um metro com distância entre as plantas dentro de cada fila de 0,40 m. O manejo da irrigação foi realizado com base na evapotranspiração da cultura, conforme a metodologia proposta pela FAO. O sistema de irrigação utilizado foi localizado por gotejamento, com espaçamento entre cada emissor de 0,2 m e vazão de 0,8 L h-1 e a frequência de irrigação foi a cada sete dias. Foi realizada a análise química e física do solo. O monitoramento da umidade do solo foi pela reflectômetria no domínio do tempo (TDR). Avaliaram-se os seguintes parâmetros: o rendimento; o comprimento; o diâmetro; a classificação das raízes; os teores de amido, da proteína e da amilose; e a produção de etanol em escala de laboratório, em escala piloto e em processo convencional em escala piloto. A cultura da batata-doce foi influenciada pelas diferentes lâminas de irrigação aplicadas e as épocas de colheitas, com aumento no teor de amido e decrescimento no rendimento. A melhor época de colheita foi de 120 a 150 dias após o plantio. Nas condições desse estudo a cultura da batata-doce não requereu a irrigação. O rendimento máximo de etanol obtido em escala piloto foi 195 kg t-1 de sólidos, 125 g L-1 de farinha de batata-doce, 4% em peso de enzimas e 36°C, com este rendimento foi possível produzir 2.654 kg de etanol por hectare. Pela rusticidade da cultura, custo de manejo, ciclo curto e produção de amido, a batata-doce demonstrou ser excelente matéria-prima para a produção de etanol por sacarificação e fermentação simultâneas, sendo alternativa para a diversificação da matriz energética.
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