Perspectiva dos atores e o programa fomento às atividades produtivas rurais em comunidades quilombolas de São Lourenço do Sul/RS
Resumo
Considerando-se a execução do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, instrumento do Programa Brasil Sem Miséria no meio rural, em comunidades quilombolas do município de São Lourenço do Sul, na zona sul do RS, este trabalho tem como objetivo identificar e analisar as percepções e estratégias das famílias quilombolas frente à pobreza rural, a partir da execução do Programa Fomento, trazendo à tona faces da pobreza rural nessas comunidades, bem como aportes do programa e sua relação com as estratégias desses atores. Parte-se do aprofundamento teórico sobre a pobreza rural, na perspectiva da multidimensionalidade desse fenômeno e das inter-relações entre as características da pobreza e sua relação com processos de constituição e territorialização das comunidades quilombolas no contexto do estudo. Ancorando-se na abordagem interpretativa para a compreensão das políticas públicas a partir dos atores envolvidos e na perspectiva orientada aos atores. Além de pesquisa documental, foram utilizados dados de questionários realizados pela EMATER para o diagnóstico das UPF‟s em 2012 e para a avaliação em 2014, bem como entrevistas com os atores envolvidos no Programa (mediadores sociais e famílias quilombolas). As faces da extrema pobreza, reveladas a partir do diagnóstico, evidenciaram as diversas privações a que as famílias estão expostas. A percepção dos atores envolvidos sobre os resultados e aportes do Programa Fomento foi identificada a partir de entrevistas com famílias quilombolas e mediadores sociais e do instrumento de avaliação do programa, destacando-se como principais aportes para a qualidade de vida das famílias a alimentação (92,86%), a renda (89,29%) e o relacionamento social (85,71%); 100% das famílias destacam o aumento da autoconfiança convergindo com a categoria de maior frequência quanto aos aportes, que foi “gente”. Concluindo-se que mesmo em condições adversas, estes atores desenvolvem estratégias ativas de resistência e de reprodução social, que foram fortalecidas através do Programa e de políticas públicas articuladas, como é o caso da habitação. Porém, os principais anseios das famílias ao final do programa, que são a habitação, terra e renda, demandam maior alcance de políticas públicas e de ações estruturais, para além do “impulso inicial” do Programa Fomento.
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