Autonomia do enfermeiro no contexto hospitalar: uma análise foucaultiana
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2019-03-28Metadatos
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O sujeito é constituído por relações de poder, de normatividades e de assujeitamento, o que faz com que a subjetividade seja produzida na relação das forças que o atravessam. O hospital é marcado por relações de poder que refletem no poder de decisão e na autonomia dos sujeitos enfermeiros fazendo com que muitos, ora apresentem-se como sujeitos do seu trabalho, ora aprisionados pela dinâmica da organização hospitalar. Assim, defende-se como tese deste estudo, que é possível verificar, contemporaneamente, em enfermeiros que atuam na área hospitalar, o enfraquecimento da imagem tradicional da autoridade com o correlato fortalecimento de espaços de resistência, que produzem a prática de si, subjetividades que se constituem autônomas. O estudo seguiu o método qualitativo, analítico, com referencial teórico metodológico balizado na discussão da Hermenêutica do Sujeito em Foucault. São objetivos: conhecer como vem se constituindo a autonomia na prática profissional do enfermeiro; e analisar como o sujeito enfermeiro projeta-se no discurso acerca do exercício da sua autonomia no contexto hospitalar. Compuseram o material empírico do estudo, artigos publicados na Revista Brasileira de Enfermagem, entre os anos de 1986 a 2016, e entrevistas narrativas, gravadas em áudio, com 18 enfermeiros atuantes em unidades de internação de clínica cirúrgica e médica I e II, de um hospital público da região Sul do Brasil. A produção de dados ocorreu entre os meses de abril a maio de 2018. A análise deu-se pelo referencial da análise do discurso de inspiração foucaultiana. Os achados deste estudo permitiram a organização dos resultados em dois capítulos. O primeiro capítulo intitulado “Entre o dito e o não dito acerca da autonomia do enfermeiro: (des) continuidades nos discursos”, desvelou que a autonomia na prática profissional do enfermeiro perpassa pela centralidade do saber, pelo posicionamento político e pelas condições de trabalho. Assim sendo, esses fatores revelam-se como dispositivos de poder na construção da governabilidade do enfermeiro, permitindo que este se posicione como um sujeito crítico e reflexivo na execução de suas atividades, de modo a enfraquecer a tradicional imagem de autoridade das instituições de saúde. O segundo, intitulado “Autonomia no exercício profissional: governo de si do enfermeiro que atua na área hospitalar”, revelou que o discurso do sujeito enfermeiro no contexto hospitalar, referente à autonomia profissional, perpassa por uma pluralidade de práticas de si, as quais produzem verdades que subjetivam e governam o modo de ser do enfermeiro direcionando-o, ora como um sujeito submisso, ora como um sujeito crítico. Com base nos resultados, conclui-se que embora haja uma regularidade de práticas de si do enfermeiro, delineadas por discursos que sustentam o saber médico, é possível perceber um tímido movimento em direção a práticas discursivas que remetam a condições de possibilidade do enfermeiro constituir-se em sujeito autônomo.
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