Citral como aditivo na dieta de peixes estuarinos: perfil redox, imunidade inata e parâmetros hepáticos
Resumo
O citral é um monoterpenoide que ocorre em óleos essenciais de diferentes espécies de plantas utilizadas na medicina popular, que também apresentaram atividades benéficas quando adicionados à dieta de peixes. Contudo, apesar das inúmeras atividades biológicas já demonstradas para óleos essenciais, estudos ―in vivo‖ demonstrando o benefício efetivo do citral são insuficientes, especialmente no que diz respeito ao incremento da produção animal. No Brasil, o crescente interesse pela piscicultura e boas perspectivas de crescimento da produção comercial de peixes resulta na busca de uma dieta mais saudável para a saúde desses animais. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar se o citral adicionado à dieta possui efeitos benéficos sobre o perfil oxidativo e imunidade inata em juvenis de Centropomus undecimalis (robalo-flecha) e Mugil liza (tainha). Para avaliar a toxicidade hepática do composto testado, foram determinados marcadores bioquímicos (atividade de alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase) e histologia hepática (aspecto do tecido e morfometria da veia centro lobular, capilares sinusoides e hepatócitos). O citral foi obtido comercialmente e adicionado à dieta de ambas espécies por 45 dias em diferentes concentrações (0; 0.44; 0.88; 1.76 g kg dieta) originando quatro grupos experimentais. Temperatura, pH e oxigênio dissolvido foram verificados diariamente, enquanto que alcalinidade, amônia e nitrito foram mensurados semanalmente durante todo o período experimental. Ao término do experimento, dez peixes de cada tanque foram anestesiados e eutanasiados por secção da medula espinhal para coleta de sangue e tecidos. Embora estudos ―in vitro” já tenham demonstrado que o citral apresenta capacidade antioxidante e benefícios com a utilização de óleos essenciais compostos majoritariamente por este monoterpenoide, nossos resultados indicam que para o robalo-flecha a adição de citral na dieta não melhora suas condições de saúde. Apesar do composto em avaliação não promover toxicidade hepática, promoveu lipoperoxidação em brânquias e hiperativação do sistema complemento.
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A atividade das enzimas superóxido dismutase, catalase e glutationa-S-transferase aumentou em resposta ao dano oxidativo evidenciado. Contudo, para a tainha a incorporação do citral na alimentação foi benéfica, melhorando parâmetros oxidativos (reduziu lipoperoxidação; aumentou a atividade de superóxido dismutase, glutationa peroxidase e glutationa-S-tranferase; aumentou níveis de tióis não proteicos), sem alterar a atividade das enzimas e paramêtros histológicos do fígado. Houve diminuição da atividade de mieloperoxidase nas duas espécies em estudo. Os dados apresentados demonstram que as diferenças fisiológicas entre as duas espécies têm influência direta sobre a atividade do citral, que por sua vez não é indicado como aditivo na dieta para C. undecimalis, mas é recomendado para complementar a dieta M. liza na concentração de 1.76 g por kg de dieta.
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