Fronteiras entre o regional e o transnacional na política de desenvolvimento econômico do Brasil e o caso da fábrica Cyrilla de Santa Maria,RS, Brasil
Resumo
Esta tese aborda a política brasileira de desenvolvimento econômico e a forma como ela
viabilizou a entrada de empresas transnacionais de bebidas no Brasil, a partir de restrições às
indústrias nacionais, cujos proprietários, em sua maioria, eram imigrantes de países do Eixo,
durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Estas restrições iniciaram no período de
autoritarismo, que compreendeu o Estado Novo no Brasil (1937-1945), e foram verificadas
através dos episódios de quebra-quebra, em 1942, que ocorreram em diversas cidades
brasileiras, incluindo Santa Maria – RS, e que tiveram continuidade com a legislação que
regulamentava a produção e o comércio de bebidas no Brasil, baseada em interesses internos e
externos, identificados pelo governo e pelos grupos que o apoiavam. Esta política culminou
com a elaboração do Decreto Lei nº 5.823, de 14 de novembro de 1972, justamente quando,
novamente, o Brasil vivenciou um momento histórico pautado pelo intervencionismo e pelo
autoritarismo, pós-Golpe de 1964, e quando leis e decretos envolvendo a produção e comércio
de bebidas no Brasil voltaram a ser alvo de discussões. Com base em uma análise qualitativa,
a investigação do caso da Fábrica Cyrilla, de Santa Maria, possibilitou-nos uma comprovação
de como este tipo de política era praticada, ampliando as fronteiras nacionais e demonstrando
como questões locais/regionais refletiram e estavam interligadas a projetos híbridos de governo
e a interesses de determinados grupos sociais. Nesse sentido, o pan-americanismo e o
internacionalismo produziram impacto e influenciaram nas condutas políticas e nas ações do
governo, nos dois momentos, havendo uma continuidade em relação à forma de construção
política, principalmente quanto ao desenvolvimento econômico, que se apresentou como um
elemento norteador das ações dos governos, seja para justificar a intervenção econômica, como
forma de organizar interesses de classe, ou como alternativa para justificar ações repressivas,
que ocorreram em ambos os períodos, representados por processos de nacionalização e atos
institucionais, respectivamente, aproximando o Brasil dos Estados Unidos. Esta pesquisa foi
realizada junto ao Curso de Doutorado em História do Programa de Pós-Graduação em História,
da Universidade Federal de Santa Maria (PPGH/UFSM), na Linha de Pesquisa “Fronteira,
Política e Sociedade”, e contou com bolsa Demanda Social e de Doutorado Sanduíche no
exterior, ambas concedidas pela CAPES.
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