Reconhecimento de fala em escolares com e sem prática musical e diferentes níveis sócio-culturais
Resumen
A comunicação efetiva depende principalmente da capacidade do ser humano
compreender a fala. Muitas habilidades auditivas estão envolvidas neste processo e
podem ser aprimoradas com o treinamento auditivo, tornando-se um agente facilitador
do processo de reconhecimento da fala. Um dos fundamentos dessa prática é a
plasticidade do sistema nervoso auditivo central. Por esta razão, desenvolveu-se esta
pesquisa com o objetivo de comparar a habilidade de reconhecimento de fala no silêncio
e no ruído em escolares com e sem prática musical e de diferentes níveis sócio-culturais.
Participaram deste estudo 10 crianças que tiveram iniciação musical precoce por meio
do Método Suzuki (Grupo A), 15 crianças alunas do Colégio Militar de Santa Maria
(Grupo B) e 15 crianças alunas de uma Escola Filantrópica mantida pela Sociedade
Espírita Estudo e Caridade, também conhecida como Lar de Joaquina (Grupo C). Todos
os voluntários eram normo-ouvintes e sem queixas otológicas, com idade variando de 7
a 13 anos. Foi realizada anamnese, inspeção do meato acústico externo, audiometria
tonal liminar, pesquisa do limiar de reconhecimento de fala e índice perceptual de
reconhecimento de fala. Para realização da pesquisa do Limiar de Reconhecimento de
Sentenças no Silêncio (LRSS) e no Ruído (LRSR), utilizou-se o teste Lista de Sentenças
em Português (LSP) (Costa, 1998). A partir do LRSR, obteve-se a Relação Sinal/Ruído
(S/R). As sentenças e o ruído (fixo a 65 dB NA) foram apresentados monoauralmente,
por fones auriculares, através da estratégia ascendente-descendente (Levitt & Rabiner,
1967). Os seguintes resultados foram obtidos: Grupo A: LRSS = 6,60 dB NA e S/R = -
3,94 dB NA; Grupo B: LRSS = 7,57 dB NA e S/R = -4,61 dB NA e Grupo C: LRSS =
10,43 dB NA e S/R = -1,54 dB NA. Verificou-se diferença estatisticamente significante
entre o Grupo C e os dois demais grupos em ambos os aspectos avaliados. Concluiu-se que o nível sócio-cultural, independentemente do treinamento das habilidades auditivas por meio de prática musical precoce, pode afetar a habilidade de reconhecimento de fala.
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