Índice de gestão econômico-financeira de propriedades rurais: construção e validação de metodologia para aferição
Resumo
A gestão rural é muito complexa. É importante reconhecer as diferenças entre as propriedades rurais
e a forma de gerir cada uma. Nesse contexto, um dos desafios na gestão é o de entender em que
medida o perfil do gestor, as características socioeconômicas e as ferramentas e controles econômicos
e financeiros interferem e podem explicar os diferentes níveis da gestão nas propriedades. Portanto, o
objetivo desta pesquisa é construir, validar e aplicar uma metodologia de aferição de índice de gestão
econômico-financeira de propriedades rurais, e verificar os fatores socioeconômicos e produtivos que
os influenciam. Os procedimentos metodológicos são de caráter descritivos, com dados quantitativos e
pesquisa bibliográfica para embasar a elaboração do questionário virtual “google forms”, enviado por
e-mail e redes sociais aos produtores rurais entre março-julho de 2019. A consistência interna do
instrumento de coleta foi validada pelo alfa de Cronbach (1º teste=0,9730 e 2º teste=0,9770). Para
cálculo do índice de gestão econômico-financeiro (IGEF) foram avaliados 32 (trinta e dois) fatores,
distribuídos em 8 (oito) blocos – GC, GCD, GFC, GO, GI, GP, GE e IEF – posteriormente agrupados
em 4 (quatro) áreas de gestão de acordo com seus pesos – CCD (40%), FCOI (20%), PE (10%) e IEF
(30%) – indexados pelo peso de cada fator de acordo com o bloco e apurados por meio de equações
matemáticas. O índice de gestão econômico-financeiro (IGEF) tem a amplitude de 0 (zero) a 1 (um), e
foi classificado em níveis conforme segue:0-0,2 (incipiente); 0,21-0,4 (baixo); 0,41-0,6 (moderado);
0,61-0,8 (alto) e 0,81-1,0 (profissional). Para análises estatísticas foram utilizadas a análise paramétrica
da variância – ANOVA, com auxílio do software SAS®, e a comparação entre as médias por meio do
Teste de Tukey (sig=0,05), utilizando como variável resposta o IGEF individual e médio. Obteve-se 175
respostas válidas. A principal contribuição do estudo foi propor uma metodologia de aferição de índice
de gestão econômico-financeira de propriedades rurais. A construção e validação da ferramenta foi
realizada com êxito, atendendo os objetivos propostos, sendo possível sua aplicação independente das
características socioeconômicas da propriedade ou do perfil do gestor, conforme apontado pela
apuração do IGEF. Os principais resultados indicam heterogeneidade da gestão no meio rural e com
IGEF médio de 0,46 (“moderado”) para a amostra. No IGEF por área, em média nenhuma das áreas
foi atendida plenamente, mesmo as da classificação “profissional”. As principais influências
estatisticamente significativas apontam que quem tem maior o grau de escolaridade e quem recebe
assessoria apresentar maior IGEF. Idade, tamanho da propriedade e atividade desenvolvida não
influenciam no nível de gestão. A maioria da amostra analisada (58,8%, n=103) reconhece como muito
importante os registros e análises, contudo não a realizam de maneira satisfatória, porém afirmam
necessitar de auxílio técnico ou ferramentas de apoio na área da GEF. Em todos os níveis os registros
e a tomada de decisão são realizados essencialmente por membros da família. De uma maneira geral,
observa-se que os fatores dos blocos exercem diferentes influências sobre os níveis de gestão. O nível
“profissional” apresenta diferenças bem superiores aos demais, principalmente no bloco IEF.
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