Intersecção entre trabalho e família: um estudo comparativo entre professoras na região central do Rio Grande do Sul
Resumo
Este estudo tem por objetivo compreender o impacto da tripla jornada de trabalho e da maternidade no processo de construção da identidade profissional e ascensão profissional de docentes, do sexo feminino. As bases teóricas que fundamentam a pesquisa são: Dubar (2005; 2006) para compreender a categoria de identidade profissional; Scott (1989) e Bourdieu (1998) ao considerar as relações de poder e o poder simbólico na construção da identidade de gênero e da personalidade feminina; a construção social da maternidade fundamentada em Bandinter (1985) e a divisão sexual do trabalho sob a teorização de Kergoat (2002). Utiliza-se do método comparativo e narrativo para analisar os dados empíricos. O universo de pesquisa é composto por professoras que atuam na rede estadual, federal e privada de ensino, na Região Central do Estado do Rio Grande do Sul e que exercem suas atividades no ensino médio. Como instrumentos de coleta de dados foram aplicados questionários e entrevistas semi-estruturadas. A análise dos relatos se desenvolveu com a ajuda do software RQDA. Os resultados apontam que as construções sociais da maternidade e identidade de gênero impactam fortemente nas relações de trabalho, nas inserções destas profissionais nos cargos de poder e gestão do sistema escolar e na sua permanência na esfera do mundo do trabalho. Os interesses profissionais e pessoais são secundarizados, bem como as estratégias utilizadas para amenizar a sobrecarga de atividades; estes elementos reforçam as desigualdades de gênero corroborando para que o espaço doméstico permaneça associado a uma instância circunscrita às mulheres.
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