Lugar de mulher é mesmo onde ela quiser? a percepção das auxiliares de cozinha de um shopping em Santa Maria (RS) sobre a relação entre jornada de trabalho e participação política
Resumo
São visíveis os grandes avanços que o movimento feminista, assim como o movimento de
mulheres, tem conquistado nos últimos anos. A inserção das mulheres na política, no
judiciário e em diversos espaços, que antes eram majoritariamente compostos por homens,
agora ganham voz e traçam caminhos rumo à igualdade de gênero. Mas se por um lado há
avanços, por outro, pode-se analisar controvérsias, especialmente no caso de mulheres da
classe trabalhadora. A inserção dessas mulheres no mundo do trabalho, especialmente no
modo de produção capitalista, não as liberou do outro trabalho que já desempenhavam de
forma gratuita: o trabalho reprodutivo, que duplica sua jornada de trabalho e intensifica as
opressões. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as mulheres que
trabalham na esfera pública dedicam cerca de 73% mais horas que homens em trabalhos
domésticos, trabalhando um total de 10 horas semanais a mais. Essa dupla jornada de trabalho
utiliza boa parte do seu tempo, podendo afastar a mulher trabalhadora de espaços de luta,
como movimentos sociais, sindicatos, partidos e organizações políticas. Espaços estes que se
empenham pela emancipação feminina. Este trabalho, considerando esse contexto, analisa a
percepção e os enfrentamentos das auxiliares de cozinha de um shopping em Santa Maria
(RS), em relação à jornada de trabalho, a precarização laboral e a participação política,
considerando os impactos que a elevada carga de trabalho gera no envolvimento com questões
voltadas para a política e a emancipação.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: