Estudo translacional do efeito protetor do guaraná (Paullinia cupana) na exposição ao metilmercúrio
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Fecha
2018-08-14Primeiro membro da banca
Gomes, Patrícia
Segundo membro da banca
Machado, Michel Mansur
Terceiro membro da banca
Schetinger, Maria Rosa Chitolina
Quarto membro da banca
Fachinetto, Roselei
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
O mercúrio (Hg) é um conhecido poluente ambiental, em especial o metilmercúrio (MeHg) que é tóxico
durante o desenvolvimento do sistema nervoso central, podendo provocar comprometimento
neuromotor, depressão, insônia e ansiedade. Usando o modelo Drosophila melanogaster, foi avaliado
o efeito da exposição da mosca-da-fruta ao MeHg através da ocorrência de distúrbios neuromusculares
(DN) e no sono-vigília (SV) presentes em sua progênie obtida pela exposição parental ou preimaginal
(antes de formar o adulto) a essa toxina. Na exposição parental, as moscas foram expostas 24h ao
MeHg e transferidas para ovipositar em meio normal (sem tratamento). Na exposição preimaginal as
moscas entram em contato 24h com o MeHg e só os ovos foram mantidos no meio com tratamento.
Ambos os protocolos reduziram a viabilidade das moscas e o desempenho locomotor (DL), embora a
exposição preimaginal tenha demonstrado impactos mais fortes. Ainda, na exposição preimaginal
também perturbou o ciclo circadiano (CC) da mosca, mostrando uma duração mais longa do sono e
menor atividade diária. Os resultados corroboram com a hipótese que baixas concentrações de MeHg
poderia desencadear sintomas subclínicos relacionados a um efeito neurotoxicológico no
desenvolvimento. Com isso, avaliamos se o guaraná exerceria algum efeito protetor na neuro-oxiinflamação
em células neurais SH-SY5Y e na toxicidade neurogênica (DN e no padrão SV) em D.
melanogaster. A partir dos resultados anteriores, escolheu-se a concentração de 9 μM MeHg e guaraná
(1-20 mg/mL) com a combinação dos dois protocolos de exposição. Observou-se que o guaraná
aumentou a viabilidade, além da recuperação do DL, especialmente no macho, e da normalidade do
CC com a concentração mais baixa de guaraná. Com as células expostas 72h ao MeHg com uma alta
dose de MeHg (6 μM) combinado com 100μg/mL guaraná, foi constatada atenuação da toxicidade.
Visando um efeito menos intenso para avaliar a atividade inflamatória do MeHg, as células foram
expostas a 3 μM combinado e 100 μg/mL de guaraná. Os resultados mostraram uma redução da
liberação de citocinas inflamatórias (IL-1β, IL-6, TNFα e IFNγ) junto com o aumento da IL-10 (antiinflamatória),
ainda o guaraná sozinho foi capaz de reduzir IL-6 e INFα. Os resultados juntos apontam
para um efeito neuroinflamatório na toxicidade do MeHg, visto que a neuroinflamação pode estar
associado à depressão e aos distúrbios do sono, encontrados aqui. O guaraná mostrou efeito antiinflamatório,
foi capaz de melhorar o déficit locomotor e o padrão de SV de D. melonogaster. Sabendo
que a população ribeirinha amazônica é cronicamente exposta ao Hg pelo consumo de peixes e que
no município de Maués (AM) existe uma população idosa altamente longeva que consome
habitualmente o guaraná, analisamos o potencial efeito protetor do guaraná contra o Hg e a relação
com o selênio (Se) na sobrevivência, neurotoxicidade motora e parâmetros gerais de saúde nesta
população com e sem consumo habitual de guaraná (> 5 vezes por semana). Os resultados mostraram
um aumento na sobrevivência em indivíduos que consomem guaraná habitualmente e estão expostos
à altas concentrações de Hg. Ainda, baixas concentrações de Hg foram associadas a um aumento na
prevalência de hipertensão arterial sistêmica, assim como níveis altos de Se e da relação Se/Hg. Níveis baixos de Se foram associados com maior incidência de voluntários saudáveis, bem como níveis baixos
da relação Se/Hg. Além disso, níveis baixos de Se/Hg foram associados a maior incidência de doenças
cardiovasculares. Os níveis de Hg foram positivamente relacionados ao teste de agilidade e equilíbrio
dinâmico (teste de TUG) e negativamente associados as medidas dos membros e circunferência
abdominal. O conjunto dos resultados sugerem um efeito protetor do guaraná ao longo da vida, desde
o desenvolvimento inicial, estudos in vitro e in vivo, até na senescência de uma população cronicamente
exposta. Estudos adicionais são necessários para uma melhor compreensão dos mecanismos
envolvidos nesses resultados e estratégias terapêuticas para proteger populações expostas ao MeHg.
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