A construção do conhecimento agroecológico na formação em agronomia com ênfase em agroecologia: um estudo de caso do Instituto Educar
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Data
2019-08-26Primeiro membro da banca
Guimarães, Gisele Martins
Segundo membro da banca
Pasqualotto, Nayara
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A agricultura moderna construiu-se no pensamento coletivo como uma realidade excludente
e exclusiva, mesmo para as pessoas que não vivem no ou do campo. Tem demonstrado
ser, entretanto, cada vez mais insustentável. Como aporte científico, a Agroecologia tem
despertado a atenção para novas experiências de vida (muitas delas já não tão novas
assim), que consideram além da dimensão econômica, igualmente as dimensões
ecológicas, sociais, espirituais, éticas, culturais e políticas de cada localidade. Esta
compreensão sistêmica do mundo resulta por questionar a ciência moderna, enquanto
detentora da verdade universal. Os paradigmas da ciência moderna foram úteis para se
pensar a ampliação da produção de alimentos, por exemplo. Mas falharam em outros
aspectos que são essenciais para o antes, o durante e o depois da produção de alimentos.
A Agroecologia enquanto paradigma científico emergente pode ajudar neste processo de se
pensar de maneira mais ampla. Entrelaça-se muito ainda, no entanto, com a estrutura da
ciência moderna ocidental: seu raciocínio, suas instituições, sua submissão ao sistema
capitalista. Neste caminho a ser traçado em busca de uma nova leitura de mundo, a
educação tem um importante papel: a possibilidade, mesmo dentro da estrutura da ciência
moderna como está, de formar um novo profissional para a extensão rural, que possa
contribuir para a construção do conhecimento agroecológico juntamente com sua
comunidade local. Neste trabalho buscou-se compreender, a partir da educação formal,
como o conhecimento agroecológico pode ser construído pelas e pelos estudantes nesta
realidade de disputas sobre as epistemologias dos conhecimentos e suas funções e
utilidades na prática social. Para isto, realizou-se um estudo de caso no curso de Agronomia
com ênfase em Agroecologia no Instituto Educar, no município de Pontão, no Rio Grande do
Sul. Para a produção de dados aplicou-se um questionário fechado e, depois, em uma
amostra aleatória, realizou-se entrevistas semi-abertas. Os dados foram analisados na
metodologia de análise de conteúdo. O conhecimento agroecológico constrói-se a partir da
ampliação do debate universitário sobre o trabalho do Engenheiro Agrônomo enquanto
extensionista rural e sua ligação com os locais e lutas populares historicamente fora dos espaços acadêmicos; na mediação de saberes entre as e os estudantes e suas
comunidades; e nas dúvidas que esses trazem desde seu companheiros de assentamento
para o tempo escola/universidade. Conclui-se que há uma configuração coevolucionista
neste trabalho de construção do conhecimento agroecológico pelos assentados ou filhos e
filhas destes, e, especialmente, a possibilidade de uma maior aproximação entre teoria e
prática, já que este curso, em seu formato, promove um encurtamento entre quem trabalha
com agricultura familiar e quem pesquisa sobre ela, o que, consequentemente, redistribui o
poder sobre as realidades locais.
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