A militância na/ da produção do conhecimento científico: uma análise discursiva do dicionário da educação do campo
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Data
2019-12-16Primeiro membro da banca
López-Muñoz, Juan Manuel
Segundo membro da banca
Alves, Denise de Oliveira
Terceiro membro da banca
Venturini, Maria Cleci
Quarto membro da banca
scherer, Amanda Eloina
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Em um lugar de entremeio entre a teoria e a prática, este estudo advém de algumas
experiências docentes e das tantas inquietações oriundas do trabalho acadêmico na/da
disciplina de Língua Portuguesa e Produção Textual em um Curso de Licenciatura em
Educação do Campo. Nessa disciplina, além de uma tentativa de adentrarmos em questões
teóricas da/sobre a Educação do Campo, que é concebida como um “conceito em
construção” (CALDART, 2012, p. 257), desenvolvemos um trabalho da/sobre a língua com o
uso de um dicionário de especialidade: o Dicionário da Educação do Campo. Buscamos,
portanto, no desenvolvimento desta tese, além de conhecer mais sobre a especialidade,
compreender o funcionamento da referida obra a partir de um gesto interpretativo embasado
na Análise de Discurso de fundação francesa, bem como na História das Ideias Linguísticas.
Tomar o dicionário sob a perspectiva discursiva é compreendê-lo como discurso, logo, como
“efeito de sentidos entre os pontos A e B” (PÊCHEUX, [1969] 2010, p. 81), diante disso, a
leitura que se faz de um dicionário de especialidade pode vir a ser outra que não a mesma
de um de língua. O Dicionário da Educação do Campo passa, então, a ser nosso “objeto
discursivo” (NUNES, 2006, p. 11) que significa em e para sujeitos sob condições sócio-
histórico-ideológicas em determinadas relações sociais. Sob a perspectiva da História das
Ideias Linguísticas, o dicionário é compreendido como “instrumento linguístico” (AUROUX,
[1992] 2014, p. 70) que, neste caso, em especial, instrumenta, a partir de uma dada língua,
a especialidade. Sob esses pontos de vista, lemos o Dicionário da Educação do Campo
tanto como objeto discursivo da maior relevância quanto como instrumento, considerando
que ele é objeto de institucionalização de saberes da e sobre a Educação do Campo e
ferramenta de disciplinarização desses saberes em Cursos de Licenciatura em Educação do
Campo, isto é, ele é materialidade discursiva que funciona efetivamente nas práticas sociais
que engendra. Assim, nossa questão de pesquisa centra-se em verificar como o sujeito
toma posição no dicionário, levando em consideração o funcionamento do político no/do
discurso, instaurando efeitos. Percorremos um caminho de leituras entre a teoria da
Educação do Campo, o objeto/instrumento e questões teórico-analíticas da Análise de
Discurso para compreender que, por vezes, é possível identificar no dicionário pelo menos
duas tomadas de posição sujeito: uma posição de sujeito da produção do conhecimento
científico e uma posição de sujeito da militância, aquela atravessada pela memória de
constituição da Educação do Campo com base, sobretudo, nos movimentos sociais tais
como se apresentam no Brasil do início do século XXI. Em suma, nossos movimentos
analíticos mostram que o político promove a negociação de sentidos, produzindo um
aparente consenso entre os diferentes saberes que constituem a especialidade Educação
do Campo.
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