As feiras de comercialização de produtos da agricultura familiar e a construção de referenciais de alimentação: o caso da FEPRAF em Júlio de Castilhos/RS

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Date
2020-03-04Primeiro membro da banca
Balem, Tatiana Aparecida
Segundo membro da banca
Ugalde, Mariane Lobo
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Os circuitos curtos de comercialização caracterizam-se como estratégias de reprodução social e
econômica dos agricultores familiares. Verifica-se o aumento da tendência de consumo por produtos
que percorram um caminho mais curto, produzidos de forma artesanal, considerados mais naturais e
advindos dos agricultores locais. Esta dissertação compreende em que medida a FEPRAF/Júlio de
Castilhos/RS vem contribuindo para a construção de referenciais de alimentação, pautados pela oferta
de produtos da agricultura familiar e reforma agrária. Identifica-se a importância da FEPRAF na
produção e comercialização de produtos da agricultura familiar dentro do contexto da agricultura
patronal no município de Júlio de Castilhos/RS; Reconstitui-se o processo histórico de organização da
FEPRAF, identificando as instituições presentes, seus objetivos e formas de atuação; Identifica-se
como os produtores se organizam na produção, para a oferta dos produtos comercializados na
FEPRAF identificando suas motivações; Apresenta-se as motivações dos consumidores para consumo
dos produtos comercializados na FEPRAF/Júlio de Castilhos-RS e a contribuição da FEPRAF na
construção de referenciais de alimentação baseados nos produtos da agricultura familiar. A pesquisa
apresenta uma abordagem quali-quantitativa, utilizando como instrumentos de coletas de dados
entrevistas com informantes qualificados, análise de dados do IBGE, metodologia participativa e
aplicação de questionários. Com a pesquisa observa-se que o município tem em sua herança a pecuária
extensiva, seguido pela produção de grãos onde destaca-se a cultura do trigo e soja. A partir da
chegada dos assentamentos inicia-se a diversificação da produção, onde os agricultores passam a
produzir produtos para autoconsumo e comercializar o excedente. Também observa-se áreas de
produção de soja no verão e gado de corte no inverno desenvolvida principalmente pela agricultura
patronal e produção de leite e soja desenvolvida nos assentamentos da reforma agrária. Com a
diversificação inicia-se o processo de criação de feiras com o objetivo de escoar esta produção.
Constata-se sete feiras ao longo dos 128 anos no município e através do estudo específico da FEPRAF
identifica-se o histórico, desde as conquistas até as dificuldades enfrentadas durante os seis anos de
existência da mesma. Dentre as motivações dos feirantes para comercialização na feira destaca-se os
fatores renda e sociabilidade. Quanto as motivações dos consumidores para consumo na feira, nota-se
que as relações entre feirantes e consumidores vão além do simples ato de compra e perpassam para
laços de amizade e até mesmo da validação social da qualidade. Para eles a qualidade é mensurada por
fatores extrínsecos (aspectos visuais), intrínsecos (particularidades) e subjetivos ao produto
(sensações). A feira contribui nos hábitos alimentares dos consumidores, pois segundo eles oferta
produtos considerados mais saudáveis, artesanais, caseiros, sadios, frescos, com boa aparência e de
melhor qualidade, formando assim os referenciais de alimentação. Conclui-se que existe a construção
de um espaço que está construindo referenciais de alimentação e a FEPRAF materializa este
movimento baseado no retorno da qualidade e da busca por produtos que percorram um caminho mais
curto considerados pelos consumidores como mais saudáveis.
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