O processo de disciplinarização da escrita no ensino médio brasileiro: implicações didático-pedagógicas e político-sociais
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Data
2020-06-19Primeiro membro da banca
Pietri, Émerson de
Segundo membro da banca
Bunzen Júnior, Clecio dos Santos
Terceiro membro da banca
Juchum, Maristela
Quarto membro da banca
Reginatto, Andrea Ad
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este estudo, vinculado à linha de pesquisa Linguagem no Contexto Social, do Programa de Pós-
Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria, tem como objetivo geral realizar uma
análise crítica, a partir de uma abordagem sócio-histórica, do processo de disciplinarização da escrita
escolar no Ensino Médio (EM) brasileiro. Esse tema nasce da constatação de que, na contramão das
principais diretrizes oficiais para a Educação Básica (EB) − PCNEM, OCNEM e DCNEM −, inúmeras
escolas, em especial as particulares, têm incluído no currículo uma disciplina “nova”, denominada
Redação ou Produção Textual. Essa modalidade de fragmentação dos objetos de ensino de língua
portuguesa vem se consolidando, portanto, de maneira silenciosa e à parte das políticas públicas e dos
debates acadêmicos. Da evidente divergência entre prescrições oficiais e práticas escolares, este
estudo busca também investigar e refletir acerca das possíveis implicações didático-pedagógicas e
político-sociais decorrentes dessa compartimentação, por meio da qual são estabelecidos um tempo e
um espaço privilegiados para o ensino da escrita escolar, a qual passa a constituir um componente
curricular autônomo e independente da disciplina de Língua Portuguesa. Essa problemática justifica-se
na medida em que se admite o papel e a dimensão política do ensino. Dessa perspectiva, a existência
de cada uma das disciplinas no currículo escolar é vista como o resultado de um longo e complexo
caminho de constituição, no qual forças diversas e, na maioria das vezes, conflitantes estão em jogo
(forças políticas, sociais, culturais, pedagógicas, mercadológicas etc.). Em virtude desse pressuposto,
defendo a tese de que a inserção de uma disciplina com essa natureza no currículo escolar pode gerar
alterações que, por desarranjarem o curso das demais disciplinas e das práticas historicamente
instauradas, podem impactar de diferentes formas o resultado final do trabalho de ensino de língua
portuguesa. Logo, acredito ser essa uma prática deveras complexa e, por isso, mostrou-se necessário
investigar os fatores internos e externos à escola que têm propiciado o seu surgimento, manutenção,
permanência e consequências na escola. Esta pesquisa tem como pilares teóricos: 1) a História das
Disciplinas Escolares; e 2) a abordagem sócio-histórica, de Volóchinov/Bakhtin. À luz dessas correntes,
tomo como corpus de análise evidências documentais (documentos oficiais) e bibliográficas (estudos
nos quais é retomada a história dos últimos cinquenta anos de ensino de língua portuguesa no Brasil).
Com base nos resultados obtidos, é coerente afirmar que as práticas pedagógicas nessa área, na
Educação Básica brasileira, há muito se apresentam fragmentadas; e o trabalho com a escrita, mesmo
na disciplina de Língua Portuguesa, sempre esteve envolto a uma nebulosa teórica e metodológica, a
qual persiste até hoje. A investigação empreendida permitiu levantar hipóteses referentes à rede de
fatores e de aspectos que, possivelmente, permeiam a gênese, a função e o funcionamento da
disciplina de escrita escolar na atualidade. Para dar por finalizado o estudo proposto, aponto e
problematizo prováveis implicações dessa prática no ensino e na aprendizagem da língua portuguesa,
no EM brasileiro.
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