Farmacocinética de S-(+)-linalol em jundiás (Rhamdia quelen)
Visualizar/ Abrir
Data
2021-06-18Primeiro coorientador
Heinzmann, Berta Maria
Primeiro membro da banca
Assis, Helena Cristina da Silva de
Segundo membro da banca
Pilarski, Fabiana
Terceiro membro da banca
Emanuelli, Tatiana
Quarto membro da banca
Bochi, Guilherme Vargas
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O S-(+)-linalol é encontrado em óleos essenciais de plantas aromáticas como Lippia alba. Este fitoquímico teve sua atividade sedativa/anestésica elucidada em Rhamdia quelen, conhecido popularmente como jundiá. Assim, o S-(+)-linalol tornou-se uma opção como anestésico para aquicultura, porém seu perfil farmacocinético em peixes era desconhecido até o desenvolvimento desta tese. Portanto, o objetivo desta pesquisa foi determinar o perfil farmacocinético de S-(+)-linalol em jundiás. O S-(+)-linalol foi quantificado em amostras de plasma, tecidos e água (da recuperação) através de cromatografia gasosa com detector de ionização de chama (CG-DIC). Para coleta do sangue e tecidos os peixes (n=6, para cada tempo de coleta) foram expostos em banho de imersão com S-(+)-linalol (153 mg/L ou 180 μL/L) por no máximo 30 min (0,5 h) e após transferidos para aquários sem o anestésico. As amostras de sangue e cérebro foram coletadas em diferentes tempos num intervalo de 0 a 4 horas e os demais tecidos (rim, fígado, brânquias e músculo) foram coletados no intervalo de 0 a 24 horas (a partir do início da exposição ao anestésico). Para determinar a excreção de S-(+)-linalol na água outro grupo de peixes (n= 6) foi anestesiado conforme descrito anteriormente e transferidos para aquários individuais por até 48 h. Amostras de água foram coletas durante esse período e posteriormente analisadas por CG-DIC. Os resultados encontrados indicaram que o S-(+)-linalol é rapidamente absorvido e distribuído aos principais tecidos. As concentrações máximas (Cmáx, tecidos μg/g e plasma μg/mL) ocorreram na magnitude: rimplasmacérebrofígadobrânquiasmúsculo (143,15, 129,33, 113,92, 110,03, 54,49 e 20,76, respectivamente) em 0,5 h (Tmáx) com exceção do cérebro (0,33 h). A eliminação de S-(+)-linalol ocorreu de forma mais rápida no plasma, seguido pelo fígado, rins, brânquias, músculo e cérebro (T1/2β: 1,36, 3,45, 6,30, 9,96, 11,04 e 57,27 h, respectivamente). Apesar da eliminação lenta no cérebro, todos os animais recuperaram-se da anestesia em 10 min. O músculo foi o segundo tecido com maior T 1/2β, porém as concentrações residuais após 12 horas de depuração foram menores que a ingestão diária aceitável (500 μg/kg pc) determinada para o linalol (considerando uma ingestão de 300 g de tecido por uma pessoa de 60 kg). As taxas de excreção de S-(+)-linalol na água após 0,5, 1, 2, 6 e 24 h de recuperação foram 85,10 ± 9,83, 52,45 ± 5,01, 22,67 ± 2,10, 5,62 ± 0,55 e 1,63 ± 0,05 mg/kg h, respectivamente. Cerca de 68% do total de S-(+)-linalol excretado ocorreu nas primeiras 2 h de recuperação e não foram encontrados metabólitos voláteis em concentrações quantificáveis pelo método utilizado. Por fim, os resultados desta pesquisa fornecem base científica para nortear uma futura aplicação de S-(+)-linalol como anestésico na aquicultura e, principalmente, trazem evidências que a anestesia (por um período prolongado) com S-(+)-linalol nesta espécie não ocasiona bioacumulação em concentrações potencialmente prejudiciais à saúde humana. Contudo, demais estudos farmacocinéticos e toxicológicos devem ser desenvolvidos para que este fitoquímico possa ser empregado com total segurança em espécies aquáticas destinadas à alimentação humana.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: