Comunidade surda no município de torres: ressonâncias históricas, políticas e educacionais
Resumo
As comunidades surdas têm sido espaços de importância reconhecida para a constituição dos sujeitos surdos a partir de referenciais linguísticos e culturais. O fortalecimento tanto de espaços comunitários surdos em níveis locais, quanto da educação de pessoas surdas são fatores intimamente ligados, amarrados sobretudo por práticas de gestão e por políticas públicas embasadas em políticas linguísticas. Desta forma, este trabalho teve por objetivo analisar como as práticas de gestão educacional no Município de Torres-RS geram efeitos na organização da comunidade surda local e nos processos de escolarização das pessoas surdas. O estudo foi realizado a partir de uma abordagem qualitativa, com filiação a conceitos do campo dos Estudos Surdos. Para produção de materialidade, utilizou-se de entrevistas narrativas. Foram realizadas conversas abertas com pessoas que se envolvem no campo da Educação de Surdos do município de Torres. Assim, a análise feita pode ser descrita a partir de dois grandes pontos: (1) a história da classe especial da Escola Estadual de Ensino Fundamental Justino Alberto Tietboehl; e (2) a relação entre comunidade/escola e entre gestão/políticas de educação com as possibilidades de organização da comunidade surda local. As discussões levaram à conclusão de que as comunidades surdas, em geral, se organizam e se fortalecem sobretudo em espaços educacionais. No caso do contexto torrense, por anos a mobilização da comunidade era estritamente dependente da iniciativa de indivíduos específicos e da existência de classes especiais para surdos. A extinção das classes e o afastamento das individualidades mobilizadoras provocaram o significativo enfraquecimento da comunidade surda local, trazendo à tona a evidência da falta de políticas públicas voltadas aos sujeitos surdos da cidade.
Coleções
- Gestão Educacional [294]
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