Riso sagrado: a comicidade como estratégia discursiva na midiatização da religião
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Data
2022-04-28Primeiro membro da banca
Dalmolin, Aline Roes
Segundo membro da banca
Cunha, Magali do Nascimento
Terceiro membro da banca
Fausto Neto, Antonio
Quarto membro da banca
Sbardelotto, Moisés
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A pesquisa trata da comicidade como estratégia discursiva no cristianismo, apontando para uma intensificação da presença do humor e do riso nas ambiências religiosas. Entende-se esta intensificação como fenômeno integrado à midiatização da sociedade e, especificamente, à midiatização da religião. A construção do humor cômico é vista em sua relação com a circulação discursiva (BRAGA, 2006; 2017; VERÓN, 2004; FAUSTO NETO, 2008; 2018), destacando-a enquanto problemática comunicacional que tem recebido maior atenção diante das interações cada vez mais complexas e difusas que caracterizam a midiatização em curso. Emergem novos jeitos de ser, de viver e de fazer e, assim, também novas formas de religiosidade, com fluxos que se abrem a possibilidades antes não imaginadas quanto aos discursos e às práticas sociais. Este trabalho apresenta reflexões sobre a relação entre religião e comunicação e acerca da natureza midiática da religião, bem como sobre o lugar da religião na contemporaneidade. Também aborda, em perspectiva histórica, as tensões entre humor e religião no cristianismo. Faz ainda uma revisão das abordagens teóricas a respeito do humor, especialmente daquelas que contribuem para a compreensão de seus aspectos discursivos. Quanto à pesquisa empírica, são destacados dois atores sociais: o padre católico Fábio de Melo e o pastor protestante Cláudio Duarte. Estes foram escolhidos por serem emblemáticos nos dois ramos principais do cristianismo brasileiro e por construírem modos singulares e diversos de adoção do humor como estratégia na constituição de vínculos com seus públicos. São acompanhadas, especialmente entre os anos 2017 e 2021, diferentes tentativas comunicacionais na produção desses atores sociais, identificando marcas discursivas da construção de distintas formas de comicidade, também influenciadas por uma intensa atividade circulatória interdiscursiva. A metodologia de análise toma como ponto de partida a perspectiva semiológica sociodiscursiva (VERÓN, 2004), lançando mão, ainda, de outros conceitos, como os de ethos (MAINGUENEAU, 2015) e performance (GOFFMAN, 2014), além das referências teóricas acerca do que é próprio do humor, do riso e da comicidade. A partir dos efeitos de sentido (VERÓN, 2004), identificados nas marcas recorrentes das atividades desses atores sociais em plataformas midiáticas (FERNÁNDEZ, 2018), são destacadas as estratégias que atuam na direção da constituição e da manutenção de contratos de leitura (VERÓN, 2004; FAUSTO NETO, 2007). Nesses contratos, os atores sociais estabelecem modos singulares de proximidade com seus públicos, surpreendendo-os com posturas pastorais diferenciadas em relação às tradicionalmente experimentadas. Na sua atividade enunciativa, alternam entre o cômico e o sério com vistas à reflexão, à sensibilização ou a prescrições para a vida dos seguidores. Guardam, porém, diferenças entre si quanto às filiações ideológicas, o que resulta em formas de comicidade mais abertas e reflexivas, no caso de Fábio de Melo, ou mais conservadoras e prescritivas, no caso de Cláudio Duarte.
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