Bioterapia com Lucilia cuprina: atividade antimicrobiana e eficácia em feridas infectadas experimentalmente
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Data
2022-02-23Primeiro membro da banca
Silva Júnior, José Valter Joaquim
Segundo membro da banca
Cargnelutti, Juliana Felipetto
Terceiro membro da banca
Dalla Rosa, Luciana
Quarto membro da banca
Bassuino, Daniele Mariath
Metadata
Mostrar registro completoResumo
As feridas cutâneas são frequentes em animais devido a fatores comportamentais e de manejo, tema de estudo constante devido seu interesse clínico, científico e econômico. Embora bactérias façam parte da microbiota da pele e de feridas, sua proliferação exacerbada e potencial formação de biofilme retarda o processo de cicatrização. Além disso, o uso inapropriado de terapia antibiótica é a principal causa da disseminação de microrganismos resistentes. Com isso, a terapia larval surge como uma alternativa no tratamento de feridas, uma vez que larvas necrobiontófagas como da espécie Lucilia cuprina possuem potencial de desbridamento, promovem a limpeza das lesões através do consumo do tecido morto local e diminuem o grau de infecção, já que as bactérias são ingeridas e destruídas no trato digestório das larvas. Além desses benefícios, a mudança de pH, estímulo da neovascularização e lavagem tecidual pela exsudação local induzida aceleram o processo cicatricial. Dessa forma, os objetivos desse estudo foram: (i) avaliar o potencial antimicrobiano in vitro de larvas de L. cuprina estimuladas por bactérias e (ii) avaliar a eficácia e segurança terapêutica de larvas de L. cuprina em feridas infectadas induzidas em ratos Wistar. O objetivo (i) foi alcançado através de coleta de extratos do corpo inteiro das larvas incubadas durante 24 horas com uma suspensão bacteriana de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa ou S. aureus resistente à meticilina (SARM); e análise antimicrobiana através de ensaio de Unidade Formadora de Colônia (UFC) em dois tempos de incubação (0 e 6 horas) com grupos de extratos larvais pré-tratados e não tratados (PBS), em comparação com um grupo de controle do crescimento bacteriano. Os resultados do experimento (i) mostraram significativa atividade contra P. aeruginosa, uma ligeira diminuição do crescimento bacteriano para S. aureus e SARM. Já os resultados do objetivo (ii) foram alcançados através de análises clínicas, microbiológicas, histopatológicas das feridas, e hematológicas e bioquímicas dos animais. Uma contração significativa da área da ferida (>95%) no grupo tratado com larvas foi alcançado ao 9º dia, em comparação com o 15º dia no grupo tratado com antibiótico. Houve eliminação completa das colônias bacterianas de SARM após o segundo tratamento (6º dia) em comparação com um aumento na proliferação bacteriana do grupo controle. Na histopatologia, observou-se uma ferida limpa no grupo tratado com larvas, formação adequada de colágeno e reepitelização no 15º dia, além de aumento nos níveis de plaquetas na avaliação hematológica. Concluiu-se então, que as larvas de L. cuprina são seguras e eficazes na cicatrização da lesão e na eliminação de SARM e que podem representar uma alternativa para a utilização em cicatrização de feridas resistentes aos tratamentos convencionais.
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