Efeito antioxidante e imunomodulador de um multissuplemento à base de guaraná, selênio e L-carnitina em modelos in vitro, in vivo e em pacientes com esclerose múltipla
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Data
2022-08-19Primeiro coorientador
Azzolin, Verônica Farina
Primeiro membro da banca
Santos, Gabriela Trevisan dos
Segundo membro da banca
Piccoli, Jacqueline da Costa Escobar
Terceiro membro da banca
Schimith, Maria Denise
Quarto membro da banca
Prigol, Marina
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune, desmielinizante e neurodegenerativa, que tem a neuroinflamação e o estresse oxidativo como as peças-chaves da sua patogênese. Entre as formas clínicas da doença, está a EM remitente-recorrente (EMRR), que afeta aproximadamente 85% dos pacientes e caracteriza-se por períodos de disfunção neurológica (recidivas) intercalados com períodos de remissão. Apesar de diferentes fármacos serem utilizados para atenuar a progressão da doença, a maioria dos pacientes apresenta acúmulo de incapacidade e sintomas consideráveis. Nesse sentido, os suplementos alimentares vêm sendo cada vez mais explorados como possíveis adjuvantes na melhora do quadro clínico da EM, mas os dados existentes até o momento não fornecem evidências consistentes acerca da eficácia de algum suplemento para este fim. Dessa forma, considerando que uma combinação de compostos possa fornecer efeitos mais potentes do que um composto isolado e buscando substâncias com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, foi desenvolvido um multissuplemento alimentar, composto pela mistura de guaraná (Paullinia cupana), selênio e L-carnitina (GSC). Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito antioxidante e imunomodulador do GSC em modelos in vitro, in vivo e em pacientes com EM. O trabalho está dividido em dois artigos: no artigo 1, foi avaliada a segurança do GSC, utilizando-se concentrações equivalentes a doses 1 a 50 vezes maiores do que as doses diárias máximas recomendadas para cada componente: 0,04; 0,08; 0,12; 0,24; 0,50; 1,0; 2,1 mg/mL. Os indicadores analisados foram: (a) capacidade genotóxica e/ou genoprotetora; (b) avaliação de marcadores oxidativos, de citotoxicidade e de marcadores apoptóticos, em cultura de leucócitos humanos, tratados por 24 horas com as 5 maiores concentrações do GSC; (c) avaliação da ativação inflamatória da linhagem de micróglias (BV-2) tratadas por 72 horas com as 5 maiores concentrações do GSC; (d) avaliação da viabilidade de minhocas vermelhas (Eisenia fetida) expostas à maior concentração de GSC por 1, 3, 7 e 14 dias, e avaliação dos eventos apoptóticos, marcadores oxidativos e ativação inflamatória dos celomócitos extraídos após 3 dias da exposição das minhocas ao GSC. Como resultados, todas as concentrações do GSC reverteram a oxidação causada no DNA, sugerindo capacidade genoprotetora. Todas as concentrações mantiveram os níveis dos marcadores oxidativos de leucócitos iguais ou menores que o controle. O GSC não desencadeou mortalidade extensa nos leucócitos, diminuiu os eventos apoptóticos, não alterou a razão BAX/Bcl-2 e causou downregulation na expressão das caspases 3 e 8, em relação ao controle. Nas micróglias, as maiores concentrações induziram a proliferação celular, enquanto as menores diminuíram, em relação ao controle. O GSC não induziu mortalidade das minhocas e nenhum efeito sobre a apoptose e a maioria dos marcadores oxidativos foi observado nos celomócitos. O GSC induziu a mitose dos celomócitos e aumentou a frequência relativa de amebócitos, em comparação ao controle. Houve maior frequência de corpos marrons e formação mais extensa de redes extracelulares no celoma de minhocas tratadas com GSC do que no controle. Os resultados sugerem que o GSC pode ser seguro para consumo humano. No artigo 2, foi realizado um estudo piloto similar a ensaio clínico, duplocego, randomizado, controlado por placebo, com o objetivo de investigar o efeito da suplementação diária do GSC (G: 150 mg, S: 25 µg, C: 200 mg), por 12 semanas, na modulação de marcadores das funções hepática e renal, marcadores de estresse oxidativo e marcadores inflamatórios do sangue de pacientes com EMRR. No total, 28 pacientes foram incluídos no estudo e o GSC foi capaz de diminuir os níveis plasmáticos de DNA oxidado e das citocinas pró-inflamatórias, além de aumentar os níveis da citocina anti-inflamatória IL-10, sem apresentar modulação significativa nos demais marcadores analisados. Os resultados apoiam pesquisas adicionais da ação do GSC nos sintomas clínicos, não apenas em pacientes com EM, mas também em outras condições neurológicas e inflamatórias.
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