Inédito viável na rede de atenção psicossocial: construções coletivas diante da apreciação de seus trabalhadores
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Data
2022-08-22Primeiro coorientador
Arnemann, Cristiane Trivisiol
Primeiro membro da banca
Beck, Carmem Lúcia Colomé
Segundo membro da banca
Siqueira, Daiana Foggiato de
Terceiro membro da banca
Silva, Maria Elisabeth Kleba da
Quarto membro da banca
Mello, Amanda de Lemos
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Essa pesquisa tem como objetivo geral: analisar de que forma o trabalho coletivo de trabalhadores tem impulsionado a construção de inéditos viáveis, na perspectiva da transformação e consequente qualificação do cuidado na Rede de Atenção Psicossocial. Está fundamentada no referencial teórico de Paulo Freire, articulando sua teoria crítica à Pesquisa Apreciativa, por meio do desenvolvimento do Ciclo DSPD (Descoberta, Sonho, Planejamento e Destino). Participaram da pesquisa 16 trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, no período de dezembro de 2019 a julho de 2020. A produção dos dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas e grupos de discussão, de forma presencial e remota. A análise dos dados foi realizada por meio da codificação, categorização e identificação de temas, seguindo etapas descritas por Green, Sampieri, Colado e Lucio. Os aspectos éticos da pesquisa foram respeitados, sendo aprovada em Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos. Como resultados, identifiquei cinco grandes temas: O que deu certo no trabalho na Rede de Atenção Psicossocial; O que dá vida ao trabalho na Rede de Atenção Psicossocial; Utopias de trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial; Coletivizando sonhos; e, A Rede somos Nós em comunhão. Os resultados mostraram que o que deu certo (melhores práticas) foi a relação construída com os usuários, o trabalho coletivo e multiprofissional, as parcerias com a rede intersetorial, a relação com a Residência Multiprofissional, a participação em espaços de discussão e gestão, o trabalho com base no território, as atividades de grupo desenvolvidas com os usuários dos serviços, o apoio matricial, iniciativas de controle social, como a criação de um Conselho Gestor de Saúde Mental, e a experiência de criação de uma Escola de Redução de Danos. O que dá vida ao trabalho é sua conformação em um coletivo, principalmente, quando há diálogo, apoio, comprometimento, compartilhamento entre os seus trabalhadores. É também o seu caráter interdisciplinar, sua dinamicidade, politicidade e afetividade. Trabalhar na Rede possibilita integração ensino-serviço, possibilita ser agente de mudanças (na vida do usuário). Os sonhos para a Rede foram dentro do que já é preconizado: uma rede estruturada (com recursos humanos e estruturais suficientes); um fluxo assistencial melhor definido (coletivamente); maior aproximação com a gestão; uma dinâmica de trabalho que se aproxime mais da realidade/território dos usuários, que consiga atuar sobre os determinantes com ações de prevenção em saúde; que os trabalhadores sejam comprometidos, que haja investimento em ações de cuidado à saúde mental do trabalhador, que está vulnerável, requer reconhecimento, suporte e valorização. Os trabalhadores planejaram ações para que alguns desses sonhos possam se tornar inéditos viáveis. Querem aumentar o coletivo envolvido e comprometido com as mudanças na Rede e a aproximação com a gestão. Farão isso melhorando a divulgação dos espaços de encontro que já existem, como Fórum de Saúde Mental, as Reuniões de rede, o Interequipes, e sensibilizado a gestão para que também participe. Compreendem como fundamental a parceria com o Núcleo de Educação Permanente do município, que será mobilizado para ampliar ações, dar suporte à organização das ações de apoio matricial, bem como ampliar e qualificar a interlocução com as instituições de ensino, melhorando a devolutiva destas aos serviços. Essa pesquisa contribui com o registro dos processos vivenciados ao longo da história da Rede estudada, dando visibilidade às suas melhores práticas, suas fortalezas, desafios e, principalmente, seus sujeitos (trabalhadores percebidos como agentes de mudança). Reconheço que a qualificação do trabalho na Rede de Atenção Psicossocial, e por conseguinte, da assistência ao usuário, que dá sentido à ação desses trabalhadores, é um desafio. Envolve múltiplos sujeitos em um processo que necessita ser de comunhão e solidariedade entre os existires. Não é possível avançar sem políticas públicas que garantam uma assistência digna e de qualidade. Também, não é possível conquistá-las sem que haja um coletivo organizado, consciente de seu compromisso histórico, ético, político, moral e afetivo, que lute pela mudança.
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