Variabilidades decadais a multidecadais do sistema de Monção da América do Sul: um estudo observacional e estatístico
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Data
2021-09-03Primeiro membro da banca
Ferraz, Simone Erotildes Teleginski
Segundo membro da banca
Dal Piva, Everson
Terceiro membro da banca
Carvalho, Leila Maria Vespoli de
Quarto membro da banca
Cavalcanti, Iracema Fonseca de Albuquerque
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Um sistema de monção é caracterizado pela reversão sazonal do vento em grande escala, devido ao gradiente
térmico entre continentes e oceanos e que possui as estações seca e chuvosa bem definidas. Contudo, o Sistema
de Monção da América do Sul (SAMS), ao contrário das demais monções, não exibe uma mudança da direção
dos ventos, mas sim uma marcada alteração sazonal de circulação e umidade. O SAMS ocorre durante o verão,
com a formação de convecção sobre o noroeste da região Amazônica, que se estende para o sudeste da América
do Sul, intensificando-se progressivamente. Uma das principais características do SAMS é a ocorrência da Zona
de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que é uma zona de convergência de umidade quase-estacionária que
pode provocar chuvas intensas quando ativa, ou indiretamente, sua ausência pode gerar um déficit de
precipitação, como o ocorrido no verão de 2014/2015 no Sudeste do Brasil. Uma das importâncias do SAMS
decorre do fato de que os setores como economia, agricultura, recursos hídricos e energéticos e os meios de
subsistência da grande parte da população brasileira são fortemente dependentes dela. O SAMS apresenta
variabilidades em diversas escalas temporais, como a intrasazonal e a interanual, as quais já estão bem
detalhadas na literatura. Porém, a sua relação com variabilidades de mais baixa frequência não é totalmente
conhecida. Por isto, este trabalho visa investigar a relação entre as variabilidades decadais a multidecadais e o
SAMS, com foco na região da ZCAS, utilizando variáveis atmosféricas e oceânica. Todas as regiões de estudo
apresentaram sinais de variabilidades decadais através da análise de ondeleta, contudo os sinais mais energéticos
e de mais baixa-frequência foram os da Amazônia, principalmente a partir de meados de 1970. As anomalias
decadais de precipitação da Amazônia e do norte do Sudeste apresentaram altas correlações com as anomalias
decadais de TSM do Pacífico, caracterizando um padrão espacial semelhante ao das oscilações Pacific Decadal
Oscilation (PDO) e Interdecadal Pacific Oscilation (IPO). Já o Centro-Oeste e o sul do Sudeste tiveram
correlações com algumas áreas do Pacífico, porém estes sinais não foram abrangentes. A análise de funções
ortogonais empíricas combinadas (EOFc) foi capaz de identificar características importantes da circulação de
verão na AS em escala decadal. Observou-se uma intensificação dos ventos alísios de nordeste sobre o Atlântico,
juntamente com um aumento da temperatura do ar e da umidade na faixa central do Brasil. A série dos
coeficientes temporais associada ao modo dominante da EOFc caracterizou a evolução temporal do SAMS na
escala decadal e foi definida como um índice de monção, o South American Monsoon Multidecadal Index
(SAMMI). De modo geral, o SAMMI teve três fases: uma negativa entre 1937 e 1974, uma menor e positiva de
1975 a 1995, e outra negativa desde 1996 até 2015, e apresentou correlação positiva e significativa com os
índices da PDO (+0,35) e da IPO (+0,26). O SAMMI também ficou correlacionado positivamente e
significativamente com as anomalias decadais de precipitação do Centro-Oeste (+0,56), norte do Sudeste (+0,66)
e sul do Sudeste (+0,59). O SAMMI conseguiu identificar a variabilidade espacial da monção da América do Sul
através do modo dominante dos principais padrões atmosféricos, e assemelhou-se principalmente com a
variabilidade temporal de ambas PDO e IPO.
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