O processo de emancipação da escravidão no Brasil meridional (Alegrete, 1871-1911)
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Data
2022-11-04Primeiro coorientador
Matheus, Marcelo Santos
Primeiro membro da banca
Moreira, Paulo Roberto Staudt
Segundo membro da banca
Grigio, Ênio
Terceiro membro da banca
Flores, Mariana Flores da Cunha Thompson
Quarto membro da banca
Vargas, Jonas Moreira
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este trabalho tem por objetivo central analisar o processo de emancipação e abolição da escravidão no
município de Alegrete (fronteira oeste do Rio Grande do Sul). A questão principal que procuramos é
perceber através de diversificadas fontes históricas, como eram as propostas e iniciativas
emancipacionistas e abolicionistas, bem como a atuação dos sujeitos envolvidos e quais setores e
segmentos participaram neste processo pelo fim da escravidão no município. Dentro deste universo,
verificamos que o movimento antiescravista não ficou restrito somente à atuação da elite política,
econômica e intelectual, mas também foi construído pela ação dos próprios escravizados e libertos,
que através de diferentes possibilidades e estratégias foram protagonistas na derrocada da escravidão.
Assim, procuramos acessar as diversas frentes e formas de resistência elaboradas pelos cativos na
busca pela liberdade. Desse modo, nossa pesquisa analisa e problematiza tanto a atuação de
emancipacionistas e abolicionistas como também a agência dos escravizados. Como avançamos no
pós-abolição (1888), traçando um panorama das tentativas de inserção, conquistas de direitos,
dinâmicas de sociabilidade e experiências de libertos e seus descendentes no plano do trabalho e
cotidiano, optamos como recorte temporal os anos de 1871 a 1911. A escolha desse período deve-se ao
fato de que no ano de 1871 foi aprovada a Lei do Ventre Livre, uma lei que passou a regulamentar
diversas situações quanto à questão da liberdade dos escravizados no Brasil, a lei representou uma
interferência mais incisiva do Estado nas relações escravistas, também permitindo aos escravizados
acessar dispositivos dessa legislação emancipacionista a favor de suas liberdades. O marco final de
1911 deve-se ao fato de ser o ano da morte de Onofre Nunes Quiroga, ex-cativo, no qual analisamos
alguns episódios de sua trajetória, da escravidão à liberdade. Para tanto, nos apoiamos no referencial
teórico da História Social da Escravidão, Abolição e Pós-Abolição. A metodologia do nosso estudo é
influenciada pela Micro-História, principalmente no cruzamento de fontes para reconstituir trajetórias
e experiência sociais, baseando-se também no método onomástico, utilizando o nome como fio
condutor da pesquisa. As principais fontes utilizadas foram os jornais, cartas de alforrias, processos
criminais, testamentos, inventários post-mortem, registros de batismos, óbitos e casamentos,
correspondências e relatórios da Câmara Municipal, discursos parlamentares, relatos memorialísticos e
lista de classificação de escravos para serem libertados pelo fundo de emancipação. O presente estudo
demonstra que, apesar de algumas semelhanças com o movimento abolicionista desenvolvido
nacionalmente, como a criação de clubes e associações emancipacionistas e abolicionistas, voltadas à
arrecadação de verbas para a compra de alforrias e também a utilização da imprensa como instrumento
importante na luta contra a escravidão, em Alegrete, a campanha apresentou um caráter
emancipacionista, moderado e gradual em suas atividades, visando à indenização dos senhores, através
da concessão de alforrias particulares, especialmente condicionais. Quando a abolição foi decretada,
nem todos os libertos e seus descendentes debandaram das antigas propriedades, pois a depender do
contexto e possibilidades, procuraram reafirmar novas condições de trabalho e estratégias de
mobilidade social.
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