Desafios, resistências e retomada de um NASF-AB: vivências de uma psicóloga residente
Resumen
O presente trabalho tem como objetivo analisar o trabalho no Núcleo Ampliado de Saúde da
Família e Atenção Básica a partir da experiência de uma psicóloga residente inserida neste
serviço de um município do interior do Rio Grande do Sul. Trata-se de estudo qualitativo,
construído a partir dos seguintes instrumentos: diário de campo; observação participante;
relatos das profissionais e análise documental. A experiência foi dividida em dois eixos,
denominados: Itinerários da constituição histórica do NASF-AB do município e Vivenciado a
Retomada: atividades clínico-assistenciais e técnico-pedagógicas. O primeiro eixo faz uma
retomada histórica do ano de 2014 até 2021, subdividindo-se em três ciclos: Introduzindo o
NASF-AB de Santa Maria; Implantação e Consolidação; Desafios e Resistência. Já o
segundo, relata as atividades realizadas pelas servidoras em conjunto com a equipe de
residentes no ano de 2022. São descritas e analisadas ações técnico-pedagógicas, tais como
reuniões com as equipes apoiadas; espaços de encontro entre a rede intra e intersetorial;
educação continuada/permanente em Saúde; reuniões entre equipe NASF-AB e/ou com outras
equipes de NASF. Também, ações clínico-assistencial, tais como visitas domiciliares;
consultas e interconsultas; grupos; programa saúde na escola/feiras de saúde. Como
resultados, apontou-se que o NASF-AB enfrentou desafios para a sua consolidação, os quais
foram superados com a união entre a equipe, bem como com a postura crítica e reflexiva das
profissionais que compõem o serviço. Evidencia-se uma experiência local de sustentação e
fortalecimento do NASF-AB na lógica do Apoio Matricial e da Clínica Ampliada, em
contraponto a um contexto macropolítico de desmonte. A resistência da equipe contra a lógica
fragmentada da saúde, a sustentação da gestão municipal e o suporte da Residência
Multiprofissional foram primordiais neste processo. O ano de 2022 introduz uma fase de
retomada, a qual demandou persistência e ressignificação das práticas, já que é subsequente a
um longo período de enfrentamentos, somado à ampliação da equipe e o retorno de atividades
coletivas, após período mais crítico da pandemia de COVID-19. Identificou-se obstáculos na
integração com as equipes apoiadas, que se referem a um aspecto geral de precarização da
Atenção Primária, bem como à desvalorização cultural de lógicas plurais em saúde.
Percebe-se que, apesar dos obstáculos, o trabalho do NASF-AB interfere positivamente na
atuação com as equipes. Portanto, este relato reflete uma posição ética-política, enquanto
psicóloga residente, de reflexão e sustentação de uma lógica de trabalho ampliada,
representando, assim, o compromisso para o fortalecimento do SUS.
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