Triagem citopatológica em cães e gatos atendidos em um hospital veterinário na região central do Rio Grande do Sul
Resumo
Na Medicina Veterinária, a oncologia vem ganhando cada vez mais espaço na rotina clínica,
devido à alta prevalência de diagnósticos de neoplasias, consequência do aumento na
expectativa de vida dos animais, dos cuidados por parte dos tutores e do avanço dos estudos na
área. A citologia é uma ferramenta de auxílio ao diagnóstico rápida, pouco invasiva e de baixo
custo, que possibilita agilidade no direcionamento diagnóstico e manejo clínico. O objetivo do
presente estudo foi realizar a triagem das lesões em cães e gatos atendidos na região central do
Rio Grande do Sul e avaliar aspectos relacionados à raça, idade, sexo e localização anatômica.
Revisaram-se 1.037 protocolos de exames citológicos provenientes da rotina do Laboratório
Clínico Veterinário (LCV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), durante o período
de janeiro de 2021 a dezembro de 2022 e obtiveram-se o total de 1.699 lesões. Novecentas e
dezesseis (53,9%) eram neoplásicas, 557 (32,8%) não neoplásicas e 226 (13,3%) pouco
representativas. O predomínio foi de caninos machos (87%), caninos fêmeas (68,8%), cães
idosos (57,7%), cães sem raça definida (SRD) (53%) e das raças shih tzu (4,9%) e Dachshund
(4,4%). Os felinos apresentaram 13% da população avaliada, com predomínio de fêmeas (60%)
e adultos (54,1%). Os SRD foram mais numerosos (97%), seguidos da raça Persa (1,5%),
Siamês (0,75%) e Russian Blue (0,75%). Ambas as espécies tiveram a maior ocorrência nos
sistemas tegumentar, reprodutor feminino e hemolinfático, respectivamente. No sistema
tegumentar, os cães apresentaram principalmente o lipoma (16,5%), cisto epidermoide (11,8%)
e mastocitoma (9,3%) e os gatos, processo inflamatório neutrofílico (11,2%), carcinoma de
células escamosas (CCE) (6,7%) e hiperplasia de células mesenquimais (6,7%). No sistema
reprodutor feminino, os cães exibiram majoritariamente neoplasias mamárias (71,5%), ectasia
ductal mamária (5,2%) e tumor venéreo transmissível (TVT) (5%). Nas gatas, neoplasias
mamárias (61%), ectasia ductal mamária (12,2%) e alteração fibroadenomatosa (7,3%). No
sistema hemolinfático canino, o predomínio foi linfonodo reativo (52%), tecido linfoide sem
alteração (13,3%) e linfoma (12%). Nos felinos, linfoma (20%) e linfonodo reativo (20%),
seguidos do tecido linfoide sem alteração (16%). Estes resultados reforçam o importante papel
da análise citopatológica na rotina veterinária, de forma a auxiliar os clínicos, com agilidade,
na escolha do melhor tratamento para seu paciente.
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