Transformações socioespaciais nos campos do bioma Pampa/RS - Brasil
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Data
2022-10-17Primeiro coorientador
Laurent, François
Primeiro membro da banca
Trindade, José Pedro Pereira
Segundo membro da banca
Rieth, Flávia Maria
Terceiro membro da banca
Silveira, Vicente Celestino Pires da
Quarto membro da banca
Tourrand , Jean François Marie Charles
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Ao observar os desdobramentos do fenômeno da supressão das áreas de vegetação nativa dos
ecossistemas campestres do bioma pampa é possível considerar que o período contemporâneo
é o de maiores transformações no espaço pampeano em menor intervalo de tempo, sobretudo,
pelo avanço das áreas plantadas com grãos. A substituição da cobertura natural campestre
pela lavoura é gradual e evidente, contudo, não ocorre de maneira uniforme no território. O
presente estudo objetivou reconhecer as especificidades e diferentes processos socioespaciais
decorrentes da substituição da cobertura nativa por cultivo de grãos nos campos do bioma
Pampa. Para tanto, discute diferentes trajetórias do uso da terra com amostragem em duas
áreas de estudo delimitadas dentro das bacias hidrográficas do Rio Santa Maria e do Rio
Ibirapuitã na região sudoeste do RS, dentro do bioma Pampa brasileiro. De modo a observar
situações distintas: avanço rápido das lavouras em uma área, resistência maior e manutenção
de áreas predominantemente de campo nativo na outra. Partindo de uma abordagem
fenomenológica e sistêmica, foram realizadas análises de tipo cartográfica, por intermédio de
imagens e dados georreferenciados em escala regional. Bem como de tipo qualitativa, na
escala do estabelecimento, por intermédio da realização de entrevistas semi-estruturadas e em
profundidade com agentes de ambos os territórios. As evidências demonstram que existe
influência dos fatores naturais na trajetória de uso e ocupação da terra sobretudo no que tange
à conformação de solos, mas que estes fatores não estão isolados na dinâmica de supressão do
campo nativo e substituição pelo cultivo de grãos. A estrutura fundiária e a influência de
agentes de origem externa às localidades estão entre os fatores preponderantes nessa nova
dinâmica regional. No geral, a pecuária ainda persiste enquanto atividade, mesmo entre uma
conformação de tipo moderna (quando inserida na sucessão com a lavoura e visando os
índices de produtividade) e outra tradicional (quando correlacionada às áreas de maior
fragilidade ambiental, mas ainda preservadas como campo nativo). Tal pecuária está baseada
ainda em um sistema histórico de rede entre pequenas e grandes propriedades que trocam
produtos e serviços entre si. Quanto aos atores envolvidos e os saberes construídos por estes
para a atividade da lida campeira, identificou-se uma lógica fundante na sua capacidade de
apreensão do espaço pelas vivências locais. Além de uma importante diversidade local, com
aspectos ambientais, de classe, gênero, geração e etnia a serem considerados e relacionados à
espacialidade dessa cultura campeira, para muito além do estereótipo comumente atribuído a
este universo da pecuária de corte. Espera-se que o estudo possa contribuir para a
compreensão ampliada do fenômeno de supressão da vegetação nativa e instrumentalizar as
intervenções nas diferentes escalas com informações de cunho interdisciplinar.
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