Mulheres e Covid-19: a mobilização de experiências em uma narrativa jornalística feminista interseccional da pandemia no Brasil
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Date
2022-04-13Primeiro coorientador
Escosteguy, Ana Carolina Damboriarena
Primeiro membro da banca
Silva, Márcia Veiga da
Segundo membro da banca
Sousa, Rayza Sarmento de
Terceiro membro da banca
Gomes, Mariana Selister
Quarto membro da banca
Oliveira-Cruz, Milena Carvalho Bezerra Freire de
Metadata
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Esta pesquisa propõe um estudo cultural do jornalismo a partir de perspectivas epistemológicas dos Estudos Culturais Feministas e Estudos da Narrativa Jornalística. Investiga-se os conteúdos da Especial Covid-19, cobertura jornalística realizada pela organização de mídia independente Gênero e Número - em parceria com Revista Azmina, Énois e data_labe – a partir da coleta de 49 reportagens, publicadas durante o primeiro ano da pandemia, de março de 2020 a março de 2021. O objetivo é compreender como se configura uma narrativa feminista interseccional em uma cobertura jornalística da pandemia do Coronavírus no Brasil. A base teórica está assentada nos Estudos Culturais Feministas, indicando a experiência como uma categoria analítica (GRAY, Ann, 1997; SCOTT, Joan, 1999; BACH, Ana María, 2014). Também incorporamos as contribuições da perspectiva interseccional, ou seja, consideramos como raça, classe, territorialidades e outras categoriais sociais atravessam as questões de gênero, construindo experiências posicionadas e oferecendo novas abordagens para os estudos do jornalismo. E recuperamos reflexões sobre a narrativa, lançadas por Paul Ricoeur (1994), articuladas aos estudos de jornalismo. Nesse âmbito, destaca-se a inspiração em movimentos da Análise Pragmática da Narrativa Jornalística (MOTTA, Luiz, 2013). A partir de todas essas bases, construímos uma Análise Feminista da Narrativa Jornalística. Esta nos indica que a Especial Covid-19 apresenta a narrativa da pandemia com base em cinco grandes temas: Desigualdades/Vulnerabilidades; Trabalho, Saúde, Maternidade e Violência contra a mulher. Para isso, faz uso de estratégias comunicativas específicas, nomeadas como de posicionalidade e de identificação. Além disso, os principais campos problemáticos revelados pela narrativa, sejam eles reconhecidos ou ressignificados, estampam as desigualdades sociais do país, e como as mulheres e seus atravessamentos de raça, classe, territorialidade, sexualidade, etnia são mais afetadas pela crise sanitária e suas consequências sociais, culturais e econômicas. A análise feminista da narrativa jornalística nos permitiu observar práticas transformadoras a partir de um conhecimento situado vinculadas a princípios jornalísticos consagrados e frequentes no campo do jornalismo, que conferem à Covid-19 - Cobertura Especial um modo diferenciado e inovador de produzir conhecimento e informação qualificada e plural. Produzir novas narrativas a partir de vozes e vivências silenciadas é um passo decisivo no combate às desigualdades de gêneros e seus atravessamentos, pois a esfera simbólica pode produzir nova compreensão social com um horizonte para a equidade, amparada na produção de conhecimento advinda do campo do jornalismo, especialmente no que diz respeito às narrativas sobre mulheres.
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