A manifestação do insólito em As Naus, de António Lobo Antunes
Visualizar/ Abrir
Data
2017-12-15Autor
Silva, Giseli Caroline Seeger
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Em As naus, de António Lobo Antunes, é narrado o retorno de figuras célebres da História
portuguesa à Lisboa pós-Revolução de Abril. A encarnar ficcionalmente o drama dos
retornados de África, personagens como Pedro Álvares Cabral, Luís Vaz de Camões e Vasco
da Gama habitam um mundo ficcional constituído por referências às grandes navegações, à
colonização, às guerras coloniais e ao retorno dos colonos de África. Além de terem
sobrevivido ao seu tempo histórico, manifestando uma existência de cinco séculos, essas
personagens convivem com ocorrências que nos afiguram como inabituais ou mesmo
impossíveis. Tais ocorrências parecem facilitadas pela construção discursiva de um universo
espácio-temporal excepcional. Sob a chave de leitura do “insólito ficcional”, tentamos
entender o modo como esse universo discursivo subverte os princípios físicos e lógicos que
julgamos regentes do mundo extraliterário e explicar a maneira como se opera a
interdependência entre a configuração do insólito de As naus e o conjunto das nossas
concepções acerca do “real”, refratadas pelos paradigmas da tradição literária. Para isso,
recorremos a contribuições do teórico francês Paul Ricoeur sobre a relação entre tempo e
narrativa e a leituras críticas de Eduardo Lourenço e Margarida Calafate Ribeiro sobre as
articulações entre a ficção e a História portuguesas.