A língua nas narrativas de descendentes de imigrantes alemães: pertencimento, silenciamento e memória
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Data
2023-08-08Primeiro membro da banca
Mota, Sara dos Santos
Segundo membro da banca
Keller, Tatiana
Terceiro membro da banca
Weber, Andréa Franciéle
Quarto membro da banca
Cervo, Larissa Montagner
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta tese de Doutorado se constrói a partir da língua de imigração alemã que circula em um
pequeno município no interior do Rio Grande do Sul, de colonização mista, localizado na região
noroeste do Estado. A pesquisa se propõe a analisar o espaço de enunciação e o funcionamento
do interdiscurso nas memórias dos descendentes de imigrantes presentes em suas narrativas.
Acrescido dos objetivos secundários de: analisar quais são os sentidos e memórias da Língua
de Imigração Alemã enunciados pelos descendentes; identificar de que forma as memórias
sustentam o pertencimento identitário pela Língua; investigar como se dá e se há a relação com
a língua falada e a língua escrita; constatar quais são e se há, instituições mantenedoras da
Língua de Imigração; e pesquisar se há memórias ou atravessamentos da Política Linguística
da Era Vargas nas narrativas dos sujeitos descendentes. A perspectiva teórica adotada é a da
Teoria da Enunciação (Benveniste, 1989), mais especificamente voltada aos pressupostos da
Semântica do Acontecimento (Guimarães, 2002; 2018), e trabalhando com conceitos como
memória, pertencimento, sentido, interdiscurso e espaço de enunciação. O movimento analítico
se funda nos pressupostos da teoria, se valendo do procedimento de interpretação amparado
pela própria Semântica do Acontecimento, especialmente no que concerne nos sentidos
constituídos pelo interdiscurso e o seu funcionamento no espaço de enunciação. A análise se dá
a partir de um recorte de 27 sequências enunciativas das narrativas oriundas das entrevistas
realizadas com os descendentes de imigrantes alemães. O processo analítico apresentou como
se constituem os sentidos a partir das memórias nas falas dos sujeitos descendentes de
imigrantes, categorizando-se como pertencimento, língua em silenciamento e língua de
memória; ou seja, três eixos distintos de funcionamento da língua, que se configuram também
como três distintos espaços de enunciação. A pesquisa mostrou que a Política Linguística da
Era Vargas, e por meio dela a escola nacionalizada, foram fatores que interferiram diretamente
na manutenção da língua materna. Em contrapartida, as famílias têm sido o espaço onde ainda
hoje a língua se perpetua, pela memória, pelos afetos e práticas culturais. Bem como, a ausência
de políticas públicas de manutenção das línguas de imigração também contribui para o seu
silenciamento gradual entre as novas gerações.
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