A culinária na educação ambiental: pertencimento e o cuidado com o ambiente
Resumo
As transformações na forma de produzir, distribuir e consumir os alimentos
produziram uma artificialização da alimentação que causa diversos impactos
socioambientais e na saúde humana. Dentre eles, temos o desarraigamento
ambiental, ou seja, o ser humano não se vê mais como uma parte intrínseca do
organismo vivo do qual se trata o Planeta Terra. Para conter os efeitos destas
transformações, propostas alternativas estão sendo criadas, como os movimentos
Slow Food e Comida de Verdade e o Guia Alimentar para a População Brasileira,
que recomenda o consumo de alimentos minimamente processados e de plantas
alimentícias não convencionais ou não colonizadas (PANCs), assim como o cultivo
de hortas. Acredita-se que estas alternativas estejam relacionadas não apenas com
o resgate de práticas alimentares saudáveis, mas também, com a produção ou
retomada do sentimento de pertencimento ambiental e conexão profunda com a Mãe
Terra. Se, por um lado, o desarraigamento transforma os hábitos alimentares, por
outro lado, pergunta-se: de que maneira o resgate de práticas alimentares ancestrais
pode promover o pertencimento ambiental e o cuidado com este ambiente? Para dar
conta desta questão e temática, esta pesquisa se define como uma investigação
descritiva qualitativa, inspirada na pesquisa participante. Pautou-se também em
discussões sobre o papel da Educação Ambiental na promoção do pertencimento e
cuidado com o ambiente, e sobre como os afetos que se expressam nas atividades
do cozinhar e comer podem ser potencializadores em Educação Ambiental. O
trabalho buscou, então, identificar os possíveis afetos capazes de produzir
pertencimento ambiental por meio de oficinas com práticas relacionadas à
alimentação em uma turma de quarto ano, em uma escola pública localizada no
município de Santa Maria, RS. Foram realizadas quatro oficinas, por meio das quais
foram identificadas três práticas capazes de emergir afetos que podem ser utilizados
como potencializadores da Educação Ambiental: as PANCs, os atos de
cozinhar/comer e as composteiras, estando os três interligados por um processo
cíclico do qual o ser humano faz parte.
Coleções
- Educação Ambiental [191]
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: