O desenvolvimento profissional corresponsável na (re)estruturação da identidade docente em letras
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Data
2019-08-30Primeiro membro da banca
Flain, Angela Luzia Garay
Segundo membro da banca
Negreiro, Gil Roberto Costa
Terceiro membro da banca
Kist, Liane Batistela
Quarto membro da banca
Cabral, Sara Regina Scotta
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Desenvolvimento Profissional Corresponsável (DPC) é o nome dado pela Teoria Holística da Atividade à sua proposta de formação inicial e continuada para profissionais de Letras. Trata-se de uma triangulação horizontalizada entre profissionais da academia e do mercado que comungam de um mesmo Enquadramento de trabalho (um mesmo paradigma de ensino de língua, no caso). Pode ter como foco as atividades-fim (a linguodidática), quando se insere na aliança a clientela; ou as atividades-meio (formação de recursos), quando se insere na aliança um graduando em Letras. O objetivo deste estudo é analisar o papel que cumpre o DPC na reestruturação do ego profissional do educador linguístico, atualmente fragmentado. Para tanto, a autora desenvolve uma pesquisaação na qual ela própria, assessorada por uma equipe de pares profissionais, intervém sobre seu contexto e prática profissional nas três funções que, progressivamente, passa a desempenhar em um núcleo de DPC: professora do mercado, supervisora da academia e pesquisadora. Nesta pesquisa, portanto, o distanciamento entre sujeito e objeto bem como a clássica imparcialidade científica dão lugar a uma visão crítica e autocrítica que permitem à autora avaliar os efeitos do DPC na construção da própria identidade docente e na integração do seu papel profissional. Os dados analisados emergem do referido contexto de DPC e correspondem principalmente aos registros (escritos e transcritos) da escuta enquadrativa (online e presencial), que é seu gênero discursivo central. Contudo, são triangulados na análise alguns gêneros-satélite produzidos no mesmo contexto, tais como depoimentos paralelos, materiais didáticos e planilhas avaliativas. O corpus da pesquisa, portanto, compreende o registro linear das atividades discursivas e práticas realizadas nas esferas linguodidática, supervisiva e investigativa ao longo de três anos de DPC. A seleção dos dados é feita com base no Paradigma Indiciário, o qual permite rastrear indícios do progressivo crescimento profissional, e a sua interpretação é realizada à luz da versão 5.0 da Teoria Holística da Atividade, a qual enfatiza as dimensões epistemológicas e éticas necessárias à consolidaçãodo papel profissional do educador linguístico. Os resultados apontam, em um primeiro momento, para a emergência de uma racionalidade prática e de uma ética profissional, decorrentes da escuta enquadrativa realizada em contexto de DPC-fim, haja vista os indícios do progressivo enquadramento do ato linguodidático da professora. Em um segundo momento, e como corolário do primeiro, evidenciam o desenvolvimento da racionalidade teórica e da ética, decorrentes da progressiva autoescuta enquadrativa no DPC-meio, conforme desvelam os indícios de automonitoramento no ato enquadrativo da supervisora. E, por fim, e também como corolário do resultado anterior, apontam para uma protorracionalidade intrínseca latente na atividade científica desenvolvida no DPC-metateórico, haja vista os indícios da integração das racionalidades lógica e histórica no ato investigativo da pesquisadora. Conclui-se que o DPC teve papel determinante na integração do papel docente, pois, ao tomar a ação como ponto de partida e considerar aspectos de afetividade, deu à profissional a mestria para progressivamente enquadrar seu trabalho, monitorar seu enquadramento e aprimorá-lo cientificamente, estabelecendo assim as bases para a consolidação de uma racionalidade intrínseca. Salienta-se a importância de uma epistemologia mais historicista em Letras (em detrimento daquela teórico-lógica tout-court), pois o percurso em DPC comprova que só se conhece de fato aquilo que se produz materialmente em dado momento da História, de modo que a profissão que se arroja à cognição do educador linguístico é aquela que resulta da prática, do coletivo material, situado e datado. Na prática, o que urge é a necessidade da adesão de pares profissionais a núcleos de DPC, até que se consolidem Associações aptas a requererem a Regulamentação (Conselho Profissional e Código de Ética), condição sine qua non para que desabroche a racionalidade intrínseca germinada na triangulação. Uma nova História da Profissão Docente em Letras, construída e contada pelos próprios profissionais, só será possível quando os profissionais de Letras, unidos por valores-condutas-pensamentos comuns, derem novos passos, criarem novos fatos na direção da autopoiese e deles fizerem registro. É o que faz a autora desta pesquisa.
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