Jornalismo e política externa: a imagem pública projetada do Brasil nos discursos diplomáticos e jornalísticos (1988-2022)
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Data
2023-12-21Primeiro membro da banca
Nogueira, Silvia Garcia
Segundo membro da banca
Pereira, Ivan Elizeu Bomfim
Terceiro membro da banca
Dalmolin, Aline Roes
Quarto membro da banca
Joanguete, Celestino Vaz Tomás Jone
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A pesquisa tem como propósito principal identificar a imagem pública projetada do Brasil nos
discursos diplomáticos, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas, e nos discursos
jornalísticos, por meio das publicações impressas do jornal Folha de S. Paulo. Constatamos que
poucas pesquisas abordam a relação entre a comunicação e a diplomacia ou a política externa
nacional, principalmente na área da Comunicação. Partindo desta, e de outras percepções, e
levando em conta a importância desta relação para a construção da imagem pública de uma
nação perante a comunidade internacional, nos propomos a analisar os discursos jornalísticos
sobre a política externa brasileira (PEB) e os discursos diplomáticos do Brasil. Temos como
hipótese a ideia de que o discurso jornalístico é construído em sentido de oposição à condução
da política externa nacional e, em consequência, projeta uma imagem pública antagônica à
desejada pela diplomacia. Acreditamos que o posicionamento jornalístico atue no sentido da
“diplomacia da mídia intermediadora” (Gilboa, 2001). Para a realização das análises adotamos
como perspectiva teórico-metodológica a argumentação discursiva (AMOSSY, 2018), a partir
de um protocolo de análise composto por seis estratégias argumentativas, as quais são propostas
por Amossy (2018a; 2018b), encontrando referência também em Perelman (2005) e Pozobon
(2019). O corpus de análise da pesquisa são a íntegra dos discursos diplomáticos do Brasil na
Assembleia Geral da ONU e as reportagens, artigos de opinião e editoriais da Folha de S. Paulo,
que tratam do encontro anual da ONU, no período que se estende de 1988 até 2022. Foram
analisados 18 discursos diplomáticos e 36 edições impressas do jornal. Com base na análise das
estratégias argumentativas, um dos aspectos identificados é que a paz é acionada nos discursos
brasileiros como um valor supremo. Questões ligadas às diretrizes da condução da política
externa como, cooperação, multilateralismo e integração regional, também são temas
recorrentes nos discursos brasileiros. Por sua vez, a análise dos discursos jornalísticos nos
permitiu identificar que há uma mudança significativa na forma como se dá a construção
noticiosa ao longo dos anos. Em alguns períodos, a construção jornalística marca oposição ao
governo federal e à condução da política externa, como nos governos de Lula da Silva, de
Michel Temer e de Jair Bolsonaro. Neste sentido, há períodos em que a imagem pública do
Brasil nos discursos jornalísticos se opõe à imagem pública que a diplomacia deseja projetar
sobre o país.
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