O pluralismo ontológico à luz da fenomenologia-hermenêutica
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Data
2023-09-29Primeiro membro da banca
Casanova, Marco Antonio dos Santos
Segundo membro da banca
Tolfo, Rogério
Terceiro membro da banca
Williges, Flavio
Quarto membro da banca
Lopes, Marcelo Vieira
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O principal objetivo deste estudo consiste em apresentar e justificar o pluralismo hermenêutico. Em linhas gerais, o pluralismo hermenêutico é apresentado como uma posição meta-ontológica de acordo com a qual há múltiplos modos irredutíveis de ser. Mais especificamente, esta apresentação encontra em Ser e Tempo e na fenomenologia-hermenêutica ali elaborada as suas linhas de justificação. Em síntese, desde a perspectiva aqui articulada, o compromisso de Heidegger com o pluralismo hermenêutico implica que a elucidação da diversidade ontológica passa por um retorno crítico para a compreensão de ser. Assim, a compreensão de ser oferece a base de sustentação inicial para a tese de que há múltiplos modos irredutíveis de ser. Genericamente, modos de ser são interpretados neste trabalho como padrões ontológicos que estabelecem a identidade dos entes sob os quais são compreensivamente projetados. Mais especificamente, estes padrões envolvem a articulação de uma tríade de condicionantes ontológicos que dizem respeito às maneiras específicas por meio das quais os entes se individuam, as suas respectivas maneiras de determinação e seus respectivos modos de fenomenalização e doação. Tendo em vista contextualizar a recepção pluralista de Heidegger, no primeiro capítulo é introduzida a virada meta-ontológica contemporânea e o debate entre monismo e pluralismo ontológico, que neste contexto são ambos de corte quantificacional. Assim, inicialmente a tese da variedade de modos é apresentada no contexto de disputa entre o monismo neo-quineano de Peter van Inwagen e o pluralismo quantificacional de Kris McDaniel Na medida em que neste contexto consta a atribuição a Heidegger do compromisso com o pluralismo, a maneira de justificar esta atribuição é criticamente examinada. Deste exame crítico resulta o reconhecimento de que a proposta quantificacional é insuficiente, pois não concede a devida centralidade e importância para a compreensão de ser. Exatamente tendo em vista contornar esta dificuldade, no segundo capítulo são apresentados os contornos metodológicos que estabelecem o lastro de sustentação e horizonte de orientação do programa ontológico de Ser e Tempo como um todo. De posse destes elementos metodológicos, o capítulo final consiste na apresentação de
três modos de ser por meio dos quais os entes recebem suas respectivas identidades ontológicas, os horizontes de sentido no interior do quais são acessíveis enquanto tais. Assim, os modos de ser da subsistência (Vorhandenheit), da disponibilidade (Zuhandenheit) e da existência (Existenz) são apresentados a partir da tríade de condicionantes ontológicos implicados quando da compreensão projetiva que articula entes em seus respectivos horizontes de sentido, isto é, a cada modo de ser pertence uma maneira específica de o ente obter suas determinações características, suas maneiras de doação e fenomenalização, e, por fim, seu respectivo modo de individuação. A linha interpretativa aqui adotada também oferece recursos para elucidar a complexa relação entre tempo e ser, que embora conste expressamente no título, não é plenamente desenvolvida no corpo da obra de Heidegger. Em síntese, a hipótese interpretativa que a linha de recepção pluralista oferece é a de que a cada modo de ser corresponde uma armação temporal específica, isto é, na compreensão de ser encontra-se uma armação temporal determinada. Considerando que em Ser e Tempo são reconhecidos três conceitos de tempo, a saber, o tempo vulgar ou comum, o tempo do mundo e a temporalidade originária, a hipótese interpretativa deste trabalho busca exibir como a compreensão projetiva de entes qua subsistentes, disponíveis ou existentes enraíza-se em cada uma destas armações temporais. Em última instância, portanto, o pluralismo hermenêutico conforme apresentado neste estudo encontra na temporalidade o lastro de inserção de suas linhas de justificação, buscando fazer justiça ao espírito animador de Ser e Tempo.
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